A luta pela revogação do Novo Ensino Médio (NEM) foi tema de debate na Universidade Regional de Blumenau (Furb), na noite desta quarta-feira (19), em uma atividade que reuniu cerca de 60 pessoas, entre elas professores de licenciatura e alunos da biologia, sociologia, história, psicologia, pedagogia, entre outros cursos. A atividade contou com a presença dos militantes da Esquerda Marxista, Edson Silva, presidente do Sindicato dos Trabalhadores de Serviços de Água e Esgoto de Joinville (Sintraej), e Juliano Maciel, professor da rede estadual de Santa Catarina e também militante. Os dois apresentaram a discussão do tema a partir de uma perspectiva marxista e defenderam a importância da construção de comitês de organização pela revogação do NEM.
Edson contextualizou a aprovação do NEM no governo Temer e sua aplicação a partir da gestão de Bolsonaro, mostrando os interesses econômicos e políticos em torno da reforma do Ensino Médio. Edson procurou mostrar, a partir da organização curricular e da definição de itinerários formativos, como as mudanças contidas na reforma do ensino médio são um ataque à educação pública, o que se demonstra pela presença de setores da burguesia na elaboração do NEM e da Base Nacional Curricular Comum (BNCC). Também explicou a importância de não recuarmos da mobilização mesmo diante da suspensão do cronograma de implantação do NEM proposto pelo governo Lula-Alckmin: “Não podemos ter nenhuma ilusão nessa suspensão, o que queremos é a revogação. Enquanto não revogarmos, a nossa luta não para”, afirmou Edson.
Juliano abordou a perspectiva de quem está tendo que lidar com o NEM em sala de aula, mostrando como a promessa dos variados itinerários formativos são uma falácia, seja pela questão estrutural das escolas públicas, seja pela completa falta de relação da proposta do NEM e da BNCC com a realidade dos estudantes. Juliano também refletiu sobre a própria situação dos professores que precisam aplicar os “itinerários formativos”, “trilhas” e “projetos de vida” sem terem recebido qualquer formação sobre a sobre a nova organização do ensino médio.
Essas reflexões iniciais permitiram aos presentes aprofundar o debate sobre o NEM. Foram apresentados relatos sobre o processo de formação dos professores, da aplicação do NEM, do sucateamento das escolas e da situação de quase abandono da escola pública.
Como conclusão, ficou evidente a necessidade de revogar o NEM imediatamente, e não sua suspensão temporária ou mudanças superficiais que não modifiquem a sua lógica privatista e de destruição da educação pública. Mostrou-se, além disso, a necessidade de organização de um comitê de luta, a partir dos debates realizados, a começar pela adesão do abaixo-assinado impulsionado pelo deputado Glauber Braga e outras organizações, como a Liberdade e Luta e a Esquerda Marxista.