No dia 31 de março, o Centro Acadêmico de História Eunaldo Verdi (Calhev) e o Centro Acadêmico de Direito (Cadu) realizaram um ato na Universidade da Região de Joinville (Univille) para relembrar os 58 anos do Golpe Militar de 1964 e responder às manifestações de apologia ao golpe e às deturpações históricas feitas pelos setores mais atrasados da burguesia nativa.
No ato, falou-se sobre a importância de jovens e trabalhadores encararem com repúdio as comemorações desse período sombrio da história que foi marcado pela repressão violenta, por perseguições de ativistas políticos, torturas aos prisioneiros, além da censura nos meios de comunicação, tendo como objetivo calar aqueles que denunciavam os militares e suas atrocidades. Política e economicamente, a Ditadura Militar representa um período escancarado da interferência do imperialismo norte-americano no Brasil, como resposta para um momento de intensas mobilizações da classe trabalhadora, urbana e rural, no país. Décadas depois da classe trabalhadora e a juventude terem tirado os militares do poder, ainda há quem defenda seus ideais e tente preservar seus resquícios em nossa sociedade, colocando nome de ditadores em ruas, praças e bairros. Um exemplo é o ditador Costa e Silva, que instaurou o AI-5, e tem seu nome em um bairro em Joinville.
Além disso, os manifestantes questionaram o governo de Bolsonaro, que teve autorização do Tribunal Regional Federal da 5ª Região (TRF5), sediado em Recife (PE), para comemorar o golpe, além de abertamente reivindicar torturadores. Não faz muito tempo que seu filho, Eduardo Bolsonaro, também ameaçou instaurar um novo AI-5 no Brasil caso houvesse fortes levantes populares.
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O dia do golpe é dia de lembrarmos dos 434 ativistas que foram mortos, dos 20 mil que foram torturados e dos 5 mil que tiveram os direitos cassados, isto em dados oficiais, no período de 1964 a 1985. Além de combater os negacionistas que tentam apagar que durante a Ditadura Militar houve um aumento explosivo da dívida pública, arrocho salarial e hiperinflação. Nós não temos nada a comemorar nesta data e sim repudiar a repressão do Estado, a tortura e o desaparecimento de opositores políticos. Bolsonaro comemora um regime de morte.
Onde houve repressão, houve resistência. Em 1968, os jovens da França foram para as ruas no movimento que ficou como o Maio de 68, que impactou e influenciou mobilizações em vários países, inclusive no Brasil. As manifestações se levantavam contra a camada mais retrógrada da sociedade, que na tentativa desesperada de preservar a propriedade privada e o sistema capitalista, promoviam um regime assassino. A resistência da classe trabalhadora amedrontava a burguesia.
Em abril de 1968 a morte do secundarista Edson Luís provocou intensas manifestações. Em junho ocorreu um dos atos mais marcantes contra a Ditadura Militar, a Passeata dos Cem Mil, no Rio de Janeiro. O ato contou com a participação de artistas, intelectuais, jovens e trabalhadores. Esse papel do movimento estudantil deve ser sempre pautado nas escolas e universidades, como realizado no ato organizado pelo Calhev, pois expõe a força que a juventude possui para enfrentar a repressão burguesa.
Foi também durante o regime que o gênero musical Música Popular Brasileira (MPB) ganhou forças entre as massas. Os artistas cumpriam o papel de denúncia e oposição à censura do regime militar. Em suas letras, usavam metáforas expressando a luta contra as atrocidades dos militares como forma de resistência. Muitas das músicas foram estritamente proibidas e os discos foram destruídos.
Relembrando todos esses acontecimentos, os estudantes da Univille também fizeram uma passeata pelos blocos da universidade, onde puxaram palavras de ordem repudiando o governo Bolsonaro e sua apologia à Ditadura. Diversos estudantes se integraram.
Chico Aviz, militante da Liberdade e Luta, chamou atenção para a importância da organização independente dos estudantes, colocando a necessidade de um programa revolucionário e que combata a conciliação de classes para que os erros das direções estudantis não se repitam. Também convidou todos a conhecerem e se juntarem às fileiras da Liberdade e Luta, organização independe estudantil, e para participarem de uma atividade na Univille, no próximo dia 14 de abril, na qual apresentaremos nossa brochura “A Luta pela Educação Pública, Gratuita e para Todos: Questões do Movimento Estudantil”.
Nesse sentido, os integrantes do Calhev reforçaram a importância da participação e intervenção no centro acadêmico, que é fundamental para a integração e formação política dos universitários, além de propor um espaço de organização e luta dos estudantes pelas reivindicações mais imediatas e pela transformação da sociedade.