Estudantes da USP fazem ocupação pela moradia estudantil em SP

Os estudantes mostram que estão mobilizados e querem os seus direitos.

Estudantes da USP fazem ocupação pela moradia estudantil

A política de permanência estudantil, bem como todo ensino em São Paulo, é mais um obstáculo para aqueles que querem fazer o curso universitário.

A verba destinada para a permanência é insuficiente. No ano de 2008 mais de 800 estudantes tiveram a bolsa moradia negada na Universidade de São Paulo.

Isso dentre os que se inscreveram, pois muitos só descobrem que existe essa possibilidade após o encerramento das inscrições. O governo Serra e o Reitor permanecem insensíveis.

A COSEAS (Coordenadoria de Assistência Social) é o órgão da Reitoria da USP que tem a função de administrar o limitado número de bolsas e implementa a exclusão dos estudantes de baixa renda através de um processo “seletivo” que nada tem de técnico.

Após passarem pelo massacrante funil do vestibular, muitos jovens são obrigados a deixarem o curso devido à falta de recursos. E o direito a educação para os filhos dos trabalhadores – os pouquíssimos que entram em uma universidade pública – termina exatamente onde a política de permanência estudantil se revela ausente.

Diante das escassas vagas existentes no CRUSP (Conjunto Residencial-Estudantil da USP) que não são suficientes para acolher toda a demanda por moradia, diante da perseguição moral e política aos estudantes moradores do CRUSP feita pelos agentes da COSEAS na moradia (sistema de vigilância, coerção e perseguição que está comprovado por inúmeros documentos), diante do trabalho massacrante imposto aos trabalhadores nos restaurantes universitários, afirmamos que: “É clara a aplicação de uma política de controle e repressão sobre os estudantes que necessitam de políticas de permanência, e também é evidente a exploração dos funcionários desta instituição. Aos estudantes pobres: criminalização e exclusão; aos trabalhadores: superexploração”. (trecho da carta aberta “Perfil para dizer basta” – www.coseasocupada.wikidot.com)

Diante da dupla jornada desgastante que os filhos dos trabalhadores se submetem para continuar estudando (com muito trabalho sobra pouco tempo para freqüentar as aulas). Como a Reitoria e COSEAS se recusaram a discutir o assunto e nos trata com negligência, por não sermos filhos da elite, os estudantes, moradores do CRUSP, na assembleia do dia 17 de março de 2010, decidiram pela ocupação da COSEAS, retomando o térreo do bloco G, que era moradia estudantil e estava invadido há alguns anos pela mesma coordenadoria.

O movimento fez vir à tona uma série de documentos que provam toda a política de vigilância, de perseguição política, moral e de invasão de privacidade feitas sistematicamente pela COSEAS, comprovando a política de exclusão dos estudantes de baixa renda.

Retomando o espaço como moradia, o movimento transformou as salas ocupadas pelas assistentes sociais em quartos novamente para que os estudantes, principalmente os calouros que ficaram sem alojamento provisório, possam agora continuar os seus cursos tendo a garantia à moradia.

Em São Carlos estudantes também fazem ocupação

A retomada do espaço de moradia estudantil na USP da capital foi imediatamente apoiada pelos estudantes do “Aloja USP São Carlos” (processo seletivo para moradia, realizado há mais de 40 anos, no qual todo o processo e as questões de convivência da moradia são tratados pelos próprios moradores).

Em São Carlos a COSEAS tenta fazer um processo seletivo paralelo e excludente (como o que aplica no campus Butantã da USP) e os estudantes estão resistindo. Tendo todas as portas de diálogo fechadas pela reitoria da USP, no dia 29 de maio, os estudantes moradores do Aloja ocuparam a Coordenadoria do campus de São Carlos na luta pela garantia da autonomia sobre a moradia.

Cabe ao movimento estudantil, em particular às entidades tradicionais como a UNE e UEE, organizar a luta e encostar Serra na parede, mobilizando em todo o estado por vagas na moradia, por construção de moradias e restaurantes universitários em todos os campi, com criação de bolsas de estudo para todos os que necessitam.

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