De acordo com o mapa de risco potencial da Covid-19 divulgado pelo Governo do Estado de Santa de Catarina na última sexta-feira (19/3), 15 das 16 regiões do estado apresentam a matriz de risco potencial gravíssimo. São 636.445 casos confirmados e a infecção pelo novo coronavírus causou 6.929 mortes em SC. Dos 295 municípios catarinenses, 274 já registraram mortes causadas pela Covid-19. Joinville é o município com mais casos confirmados e, consequentemente, maior número de óbitos.
O Sistema Único de Saúde (SUS) conta com 1.543 leitos de UTI ativos em Santa Catarina, dos quais 85% encontram-se ocupados. Nos municípios onde estão os maiores números de contágio não há leitos. No Oeste, o sistema de saúde colapsou, dezenas de pacientes foram transferidos para outras regiões, que também estão com o sistema sobrecarregado.
Chapecó e cidades vizinhas vivem um momento crítico, com a lotação dos hospitais públicos e privados, aumento do número de mortos e o descaso por parte do prefeito João Rodrigues (PSD) que voltou a afirmar que não deseja adotar medidas mais severas como o lockdown, pois não acredita que tais medidas ajudem a conter a disseminação do vírus, desrespeitando a opinião de diversos especialistas.
Na última semana, Rodrigues voltou a atacar cruelmente o povo chapecoense ao depositar a culpa da inércia de sua gestão na população e ao insinuar que a livre circulação e a manutenção das atividades não essenciais ajudam no enfrentamento.
– Se eu fechar tudo, para onde as pessoas vão? Dentro de casa ninguém fica, as pessoas ficam por uma, duas horas. Depois vão pro sítio, se aglomeram, fazem churrasco, e acontece aí a transmissão. Agora, com as pessoas trabalhando, elas se cuidam porque o dono da loja faz com que o funcionário use máscara, use álcool gel – comparou o prefeito.
Assim, Chapecó padece sem nenhuma política pública séria de enfrentamento à pandemia.
Outras regiões também estão em alerta, a ocupação de leitos disparou na Serra Catarinense. O município de Lages viu a ocupação subir de 38% para 94% em poucos dias, reflexo da sobrecarga nas regiões vizinhas.
Em Florianópolis, na última sexta-feira, uma mulher de 41 anos veio a óbito em sua residência, após ser atendida num hospital e retornado para casa por falta de leito. A situação na capital é grave, os hospitais públicos chegaram a 100% de lotação.
A situação não é diferente na maior cidade do estado, Joinville. O Hospital Municipal São José e o Hospital Regional Hans Dieter Schmidt não suportam mais a sobrecarga gerada pela pandemia, os pacientes internados se espalham pelos corredores dos pronto-atendimentos. Em novembro, o município contava com 58 leitos públicos de UTIs destinados ao tratamento da Covid-19 e a ocupação chegava a 98%. Hoje, após a criação de 26 novos leitos, a lotação ainda está em 98%. A nova gestão municipal, seguindo a prática da anterior, tenta ocultar a realidade do sistema de saúde no município, não decretou medidas restritivas, além de atacar o serviço público com a ameaça de mais privatizações.
Diante deste cenário assustador, o governador do Estado e as prefeituras, seguindo a cartilha bolsonarista, pregam a “volta à normalidade”. Mesmo visualizando o caos na saúde, governador e prefeitos mantém a decisão perversa de retorno das aulas presenciais e as regiões seguem sem qualquer restrição de isolamento, mostrando a total falta de preocupação com a vida dos trabalhadores e de suas famílias.
A vacinação segue em passos lentos e com incertezas sobre quando e se toda a população terá acesso ao imunizante. O cenário no estado nos mostra que não existem protocolos seguros sem a vacinação de toda a população. A ocupação de leitos de UTIs é a maior dos últimos 60 dias.
Os governos não foram competentes no combate à pandemia e são os responsáveis pelo aumento descontrolado dos casos. Em contrapartida, tentam jogar a culpa nos trabalhadores, com imagens de festas e praias lotadas, numa tentativa de terceirizar a responsabilidade pela situação.
Por outro lado, a imprensa oficial, com a parcialidade que lhe é característica, deixa de vincular a crise na saúde às imagens dos trabalhadores nas fábricas, transporte coletivos lotados e sem nenhum protocolo de segurança ou distanciamento, onde a exposição ao vírus é ainda maior.
Tanto o governo de Santa Catarina quanto o de Joinville e da maior parte dos municípios do estado, estão afinados com o projeto bolsonarista. A atual realidade das cidades catarinenses não destoa do restante do país, que sofre com a pandemia, o desemprego, as reformas do governo Bolsonaro e as privatizações – que visam a manutenção dos privilégios burgueses em detrimento da manutenção das vidas dos trabalhadores.
Assim sendo, é preciso organizar a classe trabalhadora, exigir medidas sérias de segurança, testagem em massa, suspensão das aulas presenciais, ampliação da capacidade do sistema de saúde e agilidade na vacinação para toda a população. É preciso mobilização para pôr abaixo o governo Bolsonaro, lutar por um governo dos trabalhadores sem patrões nem generais e pela construção de uma nova sociedade, socialista.
- Junte-se a nós nesta luta!
- Volta às aulas presenciais só com vacina!
- Abaixo o governo Bolsonaro! Por um governo dos trabalhadores sem patrões nem generais!