O dia 1º de julho será marcado pela Greve Nacional dos Entregadores de Aplicativos. O movimento foi impulsionado pelos trabalhadores contra as condições precárias de trabalho e seu agravamento durante o período de pandemia da Covid-19. O aumento das demandas de entregas e a baixa remuneração levam os trabalhadores a cumprirem períodos maiores de trabalho na rua, seja de moto ou de bicicleta. Além dos riscos relativos à atividade, como acidentes, e da ausência de condições mínimas de trabalho, como o auxílio-refeição, os entregadores ainda se veem expostos à contaminação pelo coronavírus, sem garantias de suporte e assistência.
A precariedade nas relações de trabalho apresenta como pano de fundo os sistemáticos e crescentes ataques aos direitos trabalhistas, bem como o discurso do “empreendedorismo”, que transforma trabalhadores ultraexplorados em “colaboradores” ou “profissionais autônomos”. Estes trabalhadores, que acreditam que são os próprios chefes ou que não têm patrões, na verdade são mais explorados do que trabalhadores formais e são submetidos a uma gigantesca jornada de trabalho, para ganhar por entrega, sem final de semana, sob sol e chuva e, muitas vezes, sem ter o próprio meio de locomoção. A falácia do “empreendorismo” só reforça o conformismo frente às perdas de direitos e afasta trabalhadores da consciência sobre sua real condição de vida, o que apenas favorece os donos do capital e os empresários por trás dessa rede de aplicativos.
A greve nacional organizada pelos entregadores de aplicativos deve ser reconhecida como um ato da classe trabalhadora, que reivindica condições adequadas de trabalho, como o aumento do valor por quilômetro percorrido; o aumento do valor mínimo por corrida; e o fim dos bloqueios indevidos. Além de direitos e assistências básicas, tais quais, seguro contra roubo, contra acidentes e de vida; auxílio-alimentação e licença remunerada para trabalhadores contaminados pela Covid-19. O apelo também se estende aos usuários desses aplicativos, que são convocados a divulgar a greve por meio da distribuição de panfletos, a fixar e cartazes na própria residência ou comércios, não utilizar os serviços nessa data e atribuir notas baixas na avaliação do aplicativo com comentários de apoio à greve.
A importância deste movimento reflete a necessidade da mobilização coletiva de trabalhadores no combate a exploração de sua força de trabalho. Conforme já defendido pela Esquerda Marxista em seu Programa Emergencial para a Crise no Brasil, a classe trabalhadora deve ser protegida neste momento de crise, tendo apontado, inclusive, para a necessidade da conversão de vínculos de “parceria” em contratos formais de trabalho, com garantias, melhores condições de trabalho e demais direitos trabalhistas. Trata-se de um momento de luta que deve contar com o apoio de todos!