Vários atos ocuparam as ruas de São Paulo contra o aumento da tarifa do ônibus durante o mês de Janeiro. Agora, nos dias 4 e 11 de Fevereiro mais manifestações ocorrerão.
O ano começou com muita mobilização em São Paulo. Desde o anúncio do aumento na tarifa de ônibus quatro manifestações já foram organizadas na capital e diversos atos e panfletagens. O prefeito Gilberto Kassab (DEM) reajustou a tarifa em 17% no primeiro dia útil do ano, 4 de Janeiro, propositalmente para desmobilizar a resistência e aproveitar o período de férias. A tarifa subiu mais que a inflação e passou de R$ 2,30 para R$ 2,70! Um duro ataque aos trabalhadores e à juventude.
Mas Kassab não consegue desmobilizar a resistência popular e a “Rede Contra o Aumento”, uma frente única que reúne diversos movimentos sociais, partidos e organizações políticas, vem servindo como instrumento de luta. Panfletos dialogando com a população continuam sendo distribuídos e duas novas manifestações já estão sendo organizadas para os dias 4 e 11 de Fevereiro. A luta continua ganhando força e deve aumentar ainda mais com os anúncios do reajuste do transporte metropolitano e dos trens e metrô.
Na região metropolitana, mobilizações também estão ocorrendo, como em Caieiras onde um ato percorreu o centro da cidade no dia 20/01 e em São Bernardo do Campo onde um Comitê está sendo organizado contra o aumento da tarifa que deve ocorrer na cidade, ainda sem data definida.
Com a tarifa mais cara tudo também fica mais caro. O acesso à cultura, ao lazer e ao esporte fica dificultado aos filhos dos trabalhadores, pois tudo depende da necessidade de se locomover principalmente nos grandes centros urbanos. O acesso à educação também é prejudicado, pois sem o Passe-Livre os estudantes precisam pagar ainda mais caro para poder chegar à escola e estudar, quando o acesso à educação deveria ser totalmente gratuito, com o Passe-Livre Estudantil. Cidades como o Rio de Janeiro, Cuiabá, Campo Grande possuem Passe-Livre para os estudantes, que deveria ser um direito em todos os lugares, pois trata-se do direito à educação e isso não pode ser cobrado.
A integração com o Metrô subiu de R$ 3,65 para R$ 4,00, para ir e vir agora custa R$ 8,00! Um aumento injustificável. E o governador José Serra (PSDB) já anunciou que também aumentará a tarifa do Metrô e dos trens em Fevereiro.
Com o novo aumento, a prefeitura de São Paulo arrecadará R$ 148 milhões a mais, dinheiro que irá pro bolso dos empresários, pois hoje o serviço funciona em concessão (foi privatizado durante a gestão Maluf). Esses governantes são agentes dos capitalistas, que se utilizam das instituições de poder (Estado e prefeitura) para garantir o lucro de seus negócios. Mas a luta dos trabalhadores e da juventude pode mudar essa lógica!
O transporte público, principalmente de ônibus, é de total responsabilidade das prefeituras, conforme diz a lei:
Compete aos Municípios: organizar e prestar, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, os serviços públicos de interesse local, incluído o de transporte coletivo, que tem caráter essencial (Art. 30, parágrafo V, Constituição Federal – grifo nosso).
Ou seja, as prefeituras, apesar de legalmente poderem privatizar através da concessão, detêm o direito e podem operar o transporte de forma 100% pública, como já ocorreu em diversos momentos inclusive na cidade de São Paulo, mas em geral acabam funcionando como meras agências reguladoras, que, por meio das Secretarias de Transportes, somente monitoram as concessões às empresas privadas. Com o sistema de transportes nas mãos dos capitalistas é evidente que sempre haverá aumento atrás de aumento, e o serviço oferecido será cada vez mais precário, pois a lógica é sempre maximizar os lucros.
É preciso avançar na construção de comitês que reúnam todos aqueles que querem lutar por um transporte público de qualidade. Em cada escola, faculdade e nos bairros, os Comitês de Luta pelo transporte público devem combater pela unidade entre os estudantes e os trabalhadores tornando-se uma poderosa ferramenta de luta unificando as entidades, sindicatos, partidos de esquerda e movimentos sociais.
É hora de construirmos a mais ampla unidade para barrar esse aumento e conquistar um transporte fora da mão dos capitalistas, um transporte 100% público que não vise o lucro, mas sim o atendimento das necessidades de locomoção dos trabalhadores e da juventude, com Passe-Livre, conforto, agilidade, respeito aos idosos e pessoas com deficiência. É preciso inverter a lógica do transporte individual e investir nos transportes de massas, com mais corredores de ônibus e principalmente metrôs, trens e VLT (veículos leves sobre trilhos). A saída para virar essa página é organização popular! É possível e a nossa mobilização pode conquistar!