Nota da Comissão de Mulheres da Esquerda Marxista sobre o notório caso de estupro coletivo ocorrido no Rio de Janeiro que tornou-se público esta semana.
Uma garota de apenas 16 anos é brutalmente estuprada por pelo menos 33 homens em uma comunidade da Zona Oeste do Rio de Janeiro.
Na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), Isadora, jovem universitária, foi vítima de um dos diversos estupros que ocorreram nesta mesma faculdade e cometeu suicídio por não suportar a dor psicológica.
Estes são apenas alguns casos bárbaros que ocorrem diariamente, onde a cada 11 minutos uma mulher no Brasil é estuprada segundo dados oficiais.
A violência machista é covarde, reflexo consciente ou inconsciente de um desprezo pela dignidade de qualquer ser humano, do qual se naturaliza uma violência e abuso da força física e/ou de sentimento de “superioridade” moral que a sociedade patriarcal concede ao homem. Sociedade patriarcal e dividida em classes onde uma ínfima minoria oprime e explora uma grande maioria, onde os ricos e poderosos criam suas próprias leis e modo de vida. Não é interesse para essa classe dominante realmente libertar a mulher das amarras do trabalho doméstico, da violência sexual e doméstica, pela legalização do aborto, pois ela se mantém com todas essas atrocidades e opressões, ela se mantém na medida que a mulher é considerada propriedade do homem.
A situação se acirra quando a mulher é pobre e vive em condições sociais precárias e se intensifica em momentos de crise da qual estamos vivendo. Os governantes atrelados aos bancos e grandes empresas aceleram o processo de aniquilamento de todas as conquistas que foram feitas com anos de lutas. Prova disso são as propostas do atual Governo Temer de diminuir os direitos trabalhistas, entre elas a licença-maternidade. Recentemente vimos a PL 5069 do Cunha que visa dificultar ou mesmo impedir mulheres que foram estupradas de terem acesso ao aborto, mesmo sendo garantido por lei. Mesmo no Governo Dilma, Bolsonaro se vê no direito de ameaçar com estupro a deputada Maria do Rosário. Um estuprador confesso, Alexandre Frota, foi dar “conselhos” no ministério da educação essa semana.
São exemplos de como esse sistema falido e seus representantes não representam às mulheres, a juventude, a classe trabalhadora. Este sistema não nos representa. Ano passado mulheres foram às ruas contra Cunha, as ocupações estudantis só crescem, são mais de 200 só no Rio Grande do Sul, praças e fábricas estão sendo ocupadas na França, há um grande sentimento de mudança, de acabar com esse sistema podre no Brasil e no mundo.
A Esquerda Marxista aponta que a luta contra o machismo é intrínseca à luta contra o capitalismo e se põe em busca da construção de um mundo novo livre de opressões e exploração. Repudiamos todas essas atrocidades feitas a essas jovens e nos solidarizamos com a dor das vítimas, familiares e amigos.
Nenhum direito a menos!
Nenhuma mulher merece ser estuprada!
Chega de assédio e violência contra a mulher!