Na terça-feira, 31 de maio, após uma discussão entre o deputado Glauber Braga (PSOL-RJ) e Arthur Lira (PP-AL), o atual presidente da Câmara ameaçou “usar medidas mais duras” para retirar Glauber do plenário e, posteriormente, levar o caso ao Conselho de Ética, insinuando que deverá cassar o seu mandato. O motivo da reação de Lira foi o questionamento de Glauber sobre o projeto que tira do governo federal o controle acionário da Petrobras, medida que, como o deputado do PSOL explica, visa a privatização da Petrobras:
Arthur Lira vai me levar ao conselho de ética por eu perguntar se ele não tem vergonha de articular privatização da Petrobras por maioria simples. Não será o primeiro a me processar. Cunha tentou no STF e aliados de Moro pediram minha cassação no mesmo conselho! Luta que segue!
— Glauber Braga (@Glauber_Braga) June 1, 2022
Se para os principais jornais burgueses e críticos do mandato de Glauber, Lira apenas reagiu à fala “agressiva” do deputado psolista — que perguntou se o presidente da Câmara não tinha vergonha de defender uma proposta daquelas —, o que fica evidente para aqueles que assistiram ao vídeo do momento em que ocorre a discussão é o incômodo que as posições e lutas do mandato de Glauber têm causado naqueles que buscam cumprir a agenda de privatizações e contrarreformas no Parlamento burguês.
Lira ameaça retirar Glauber à força do plenário, insinua que vai cassar o seu mandato e corta o seu microfone. Deputados da direita comemoram. Glauber não recua e parte pra cima do ditador que quer privatizar a Petrobras! pic.twitter.com/y1blOfaQFR
— Glauber Braga (@Glauber_Braga) June 1, 2022
Mandatos como o de Glauber Braga, que se colocam em defesa dos interesses da classe trabalhadora e da juventude são comumente atacados e ameaçados não apenas pelas suas críticas aos projetos da burguesia e de seus representantes, mas por expor o Parlamento como uma instituição apodrecida, incapaz de resolver os problemas mais básicos da grande maioria da população. Um exemplo recente que mostra a importância do mandato de Glauber foi a recente luta contra a PEC 206, que estabeleceria a cobrança de mensalidades nas universidades públicas, e que momentaneamente foi barrada pela atuação conjunta do mandato com os movimentos sociais. O Parlamento burguês é o balcão de negócios da classe dominante e qualquer um que rompa com esse funcionamento é visto como um corpo estranho neste espaço.
O argumento de Bolsonaro — e defendido por Lira — a favor da privatização da Petrobras como necessidade para frear os frequentes reajustes do petróleo é pura demagogia. O que realmente está por trás de toda essa discussão são os interesses dos grandes capitalistas em abocanhar o restante da empresa que obteve um lucro líquido recorde de R$ 106,6 bilhões em 2021.
Há também o mito de que empresas públicas são deficitárias, quando na verdade eles são criados para justificar a venda das mesmas. Como pode a burguesia sempre estar tão interessada em comprar algo que só gera déficit para um país?
A luta contra a privatização da Petrobras, assim como da Eletrobras, dos Correios, do Porto de Santos, entre outras estatais, ou parcialmente públicas como é o caso da Petrobras, é de fundamental importância pois trata-se de decidir para onde vai o lucro dessas grandes companhias, se é para o benefício de milhões ou para o bolso de um punhado de capitalistas. Essa é a defesa que a Esquerda Marxista faz historicamente e é esse o combate que vemos o mandato de Glauber Braga realizar ao enfrentar o presidente da Câmara de Deputados.
“Se não houver mobilização popular e pressão ele [Lira] vai tentar passar o rolo compressor”, disse corretamente Glauber à Carta Capital. É preciso desde já defender o mandato de Glauber Braga e organizar a luta contra a privatização das empresas públicas brasileiras e pela reestatização do que já foi entregue ao capital privado. Não podemos cair no canto da sereia de que tudo se resolverá após as eleições, a luta deve ser realizada agora e nas ruas!