O carnaval mal começou, mas dois episódios relacionados ao evento ocorridos em Minas Gerais precisam ser denunciados e repudiados por aqueles que defendem a liberdade de expressão e os direitos democráticos no Brasil. Na noite de sábado (01/03), o bloco de carnaval Benemérita ocorria na Praça Antônio Carlos, na cidade mineira de Juiz de Fora, e foi palco de mais um acontecimento infeliz, protagonizado pela Polícia Militar, que implodiu no movimento com diversas agressões a todos os presentes, de forma indiscriminada e violenta.
O bloco visa o reconhecimento das comunidades LGBT e negra, e foi alvo de ataques por conta de uma crítica a Bolsonaro. A irresponsabilidade e ilegalidade da ação oficial da PM é evidenciada no ponto em que os agentes retiraram os crachás e os esconderam, com o objetivo de dificultar tardia identificação por parte dos civis presentes no evento, detendo o acesso ao nome dos policiais presentes, até o momento.
Além disso, MC Xuxú e Gustavo, pessoas trans responsáveis pela organização do movimento, foram algemados sem motivo justificável. Gustavo inclusive sofreu uma coronhada na parte traseira da cabeça, resultando em seu encaminhamento ao Hospital de Pronto Socorro (HPS).
Foi dito e provado em vídeos que a polícia atingiu indiscriminadamente mulheres, crianças e pessoas trans. Os agentes foram vistos lançando gás de pimenta e bombas no palco, o qual estava repleto de crianças, além de desferir golpes como chutes e pontapés aos presentes. Como já esperado vindo dos agentes de repressão do Estado, os organizadores do bloco foram presos, sob acusações vazias e nulas como “desacato” e “desrespeito”.
A justificativa da PM sobre o caso era de que havia foliões apedrejando um ônibus e atacando policiais. Um vídeo divulgado mostra uma ação isolada de uma pessoa, claramente sem vinculação com a organização do evento e nem como um movimento de ataque coletivo à polícia.
Tal discurso mentiroso da PM não serve mais ao povo, e já não mascara o evidente papel do Estado de fazer represálias contra os trabalhadores, e inclusive durante o carnaval.
Violência no carnaval de Brumadinho
Outra representação repugnante de violência policial aconteceu em Brumadinho, também em Minas Gerais. Lá os agentes da PM agrediram indígenas da aldeia Katurama, durante as festividades do carnaval. Em um dos vídeos do ocorrido, é possível identificar um indígena algemado, jogado de rosto para baixo na calçada por um dos policiais, depois de já estar algemado.
O Estado burguês nunca foi neutro, e muito menos preocupado com o povo. As forças de repressão são a espinha dorsal da máquina de repressão e de dominação da maioria trabalhadora da população por uma minoria. O governo irá desesperadamente lutar de forma injusta para se manter e manter sua burguesia no poder, através de instrumentos covardes, como a PM!
A PM reprimiu os foliões em Juiz de Fora porque protestaram contra Bolsonaro e por direitos e liberdades que lhes são negados na sua cidade e onde você faz parte do governo. A Polícia Militar o fez crente de sua impunidade e liberdade para tal. O mesmo que fizeram em Brumadinho. Zema e sua Polícia Militar aterrorizam os foliões de esquerda que ousam usar a festa popular para expressar suas reivindicações e exigir a prisão de Bolsonaro.
A classe trabalhadora e a juventude precisam lutar para, junto com a prisão de Bolsonaro e de seus cúmplices, extinguir a PM em todo seu reino de hipocrisias e abusos do poder. Devemos defender o pleno exercício de liberdades democráticas, como o direito de os trabalhadores se expressarem, se reunirem e se organizarem. Seja o direito de realizar manifestações, de fazer greves e o de se expressar em um bloco de carnaval. Sem o medo de sermos agredidos, algemados, presos e até mesmo de morrer nas mãos impunes de um policial, de farda ou à paisana.
Por um carnaval livre, uma classe operária unida, e uma sociedade sem a PM! Pelo fim da repressão contra a classe trabalhadora! Abaixo a homofobia, o rascismo e a repressão ao carnaval popular! Viva a luta da classe trabalhadora, em sua liberdade para ser feliz e em sua luta por emancipação dos capitalistas e de seus agentes de repressão!