Trabalhadores de empresa de terceirização de TI deflagram greve
Os trabalhadores da empresa Quintess, cansados dos constantes atrasos de salário e de outros benefícios previstos em lei, marcaram greve para o dia 10 de abril, em assembleia com mais de 2,6 mil trabalhadores.
O grupo Qintess e Resource é um conglomerado controlado por capitalistas estrangeiros, que presta serviços de tecnologia para bancos, setores do judiciário paulista e grandes empresas privadas. Dentre os clientes da empresa estão o Tribunal Regional do Trabalho, o Ministério da Justiça, Caixa Econômica Federal (CEF), Raizen, IBM, Banco Santander, Banco Pan, Banco do Brasil, Procuradoria-Geral do Estado de São Paulo, entre outros.
Segundo o sindicato da categoria, o Sindpd, que tem histórico de pouca combatividade e de aceitar propostas dos empresários facilmente, houve tentativas de negociação com as empresas desde o início de 2022, sem sucesso.
Atrasos em pagamentos e assédio moral
Dentre as irregularidades praticadas pela empresa, há atrasos no pagamento de salários, férias, vale-refeição, alimentação e transporte e reembolso de quilometragem. Há também desrespeito à jornada de trabalho dos empregados: algumas das horas extras praticadas pelos funcionários só foram pagas após seis meses, enquanto outras não foram sequer registradas pela empresa ou computadas no banco de horas. Além disso, a empresa não tem efetuado os depósitos no Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) dos trabalhadores e tem descontado o IRPF e INSS de seus empregados sem repassá-los ao governo.
Também foram recebidas denúncias de assédio moral contra os empregados que cobravam posicionamento da empresa referente aos atrasos. Durante a assembleia, foram apresentadas ao Sindpd denúncias de coação e assédio da empresa para evitar a greve. Os trabalhadores denunciam ainda que os demitidos ou que pediram demissão no último período não receberam as verbas rescisórias da empresa.
A empresa também se posicionou de forma autoritária nas redes sociais, bloqueando comentários no LinkedIn que denunciavam o não pagamento de salários e benefícios, ao mesmo tempo que faziam postagens sobre direitos dos LGBT com frases sobre empatia e respeito. Repudiamos a forma como a empresa instrumentaliza a pauta das opressões para disfarçar o desrespeito aos direitos trabalhistas de seus empregados! Tal prática parece fazer parte das políticas da empresa. Já Nana Baffour – capitalista controlador do grupo empresarial e dono de diversas empresas de TI pelo mundo – costuma enaltecer a empresa e a agenda social da empresa, aproveitando-se do fato de ser um homem negro para usar falsa propaganda identitária, a fim de esconder a exploração ilegal que sua empresa faz.
Exigimos respeito aos trabalhadores da Qintess
É lamentável o fato de que uma empresa do porte da Qintess não cumpra com o mínimo das obrigações com seus empregados, que é pagá-los conforme a lei. Igualmente lamentável é constatar que o judiciário e os governos de plantão pouca serventia tem aos funcionários de empresas nesse tipo de situação. Por isso, nos solidarizamos com os trabalhadores da Qintess que têm denunciado a empresa e construído essa greve, e parabenizamos a sua coragem. Só a luta muda a vida!