Na manhã do dia 25/01, domingo, ocorreu a 1ª Plenária Nacional pelo Fim da Escala 6×1 e pela Redução da Jornada de Trabalho. A plenária se deu em formato híbrido, com a parte presencial sendo em São Paulo. O encontro foi uma iniciativa de diversas organizações políticas de esquerda, entre elas a Organização Comunista Internacionalista (OCI), além de entidades sindicais, estudantis e movimentos sociais. Reuniram-se 1.335 pessoas, sendo 1.183 virtualmente via Zoom ou YouTube e 152 presencialmente. Como uma das organizações convocantes, estivemos na mesa de abertura da plenária e você pode acompanhar a nossa contribuição aqui.
Dentre os caminhos tomados pela plenária, está a “Carta Aberta da 1ª Plenária Nacional pelo fim da Escala 6×1 e pela Redução da Jornada de Trabalho!”, que você pode ler na íntegra logo abaixo, além da construção de um dia nacional de mobilização pelo fim da escala 6×1 e pela redução da jornada de trabalho no dia 16 de fevereiro.
Este será o 5º dia nacional de luta e fazemos um chamado a todos os lutadores que querem combater essa escala odiosa a somar forças tanto no dia do ato quanto nas atividades de preparação ao ato, como as panfletagem que irão ocorrer em diversos locais de trabalho, bairros e estações de ônibus, metrô e trem.
Além do ato nacional do dia 16 de fevereiro, o 8 de março — Dia Internacional de Luta das Mulheres Trabalhadoras — também será palco da mobilização, assim como o 1º de Maio — Dia Internacional do Trabalhador —, cujo mote inicial da data histórica foi a redução da jornada de trabalho para 8 horas. Além disso, há a orientação de realização de plenárias estaduais para que cada região possa melhor organizar a construção de um calendário permanente de luta.
Durante a nossa intervenção na plenária do dia 25/01, ressaltamos que somente é possível acabar com a escala 6×1 com a mobilização independente dos trabalhadores. Por isso, não basta pressionar o Congresso ou acreditar que nossos problemas serão resolvidos pelos caminhos da via institucional-burguesa. É preciso construir uma poderosa campanha nacional, unitária e democrática, como todos que querem o fim dessa odiosa escala.
Os últimos acontecimentos demonstram que a luta pelo fim da escala 6×1 ultrapassou em muito o próprio Movimento Vida Além do Trabalho (VAT). As massas proletárias mal-remuneradas, principalmente composta por jovens, mulheres e negros, já deram inúmeras demonstrações que estão dispostas a lutar pelo fim da 6×1 e pea redução da jornada de trabalho, inclusive foram à greve na PepsiCo, mas esbarram na apatia dos sindicatos e das organizações políticas tradicionais da classe trabalhadora.
Por isso, fazemos um chamado a todos os trabalhadores, sindicalizados ou não, para que pressionem seus sindicatos a aderirem a luta pelo fim da escala 6×1, pela redução da jornada de trabalho para 30 horas semanais, com sábado e domingo livres para todos! A CUT deve tomar parte dessa luta, convocando greves e ajudando a construir os atos nacionais pelo fim da escala 6×1 e contra o pacote de ajuste fiscal apresentado por Lula, Alckmin, Haddad e cia.
Somos pela frente única. O VAT e todas as organizações políticas, entidades estudantis e sindicais, movimentos sociais e ativistas independentes que querem acabar com essa escala devem somar forças para combatermos juntos! Esse é o combate que a OCI faz, mesmo quando somos ameaçados e intimidados por querer fazer parte de um movimento da classe trabalhadora.
Além disso, não é só porque a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do VAT/Erika Hilton foi protocolada que a batalha está ganha. Há outras PECs mais antigas em tramitação no congresso pautando a redução da jornada para 36 horas semanais emperradas há anos. É preciso aumentar muito a pressão nas ruas.
Nós, comunistas, já mostramos na prática que é possível aqui mesmo no Brasil conquistar o sábado e o domingo livres e a redução da jornada de trabalho para 30 horas semanais, sem redução nos salários, quando criamos o Movimento das Fábricas Ocupadas! Há mais de 20 anos, os trabalhadores da Cipla, Interfibra e Flaskô ocuparam essas empresas para defender seus empregos e tomaram o controle da produção. E assim, sem os patrões, reduzimos a escala e a jornada de trabalho, sem redução salarial!
Também se faz importante vincular a luta por essas reivindicações à luta pela revogação da Reforma Trabalhista de Temer, bem como as reformas trabalhistas e previdenciárias aprovadas durante o governo Bolsonaro.

Mas não apenas Temer e Bolsonaro, mas o próprio governo Lula-Alckmin, um governo de união nacional, vem realizando uma série de ataques à classe trabalhadora para manter as taxas de lucro da burguesia e garantir a transferências da riqueza produzida pelos trabalhadores brasileiros aos rentistas e parasitas da dívida pública. Isso fica evidenciado pelos pacotes de ataque do governo Lula-Alckmin, como o Novo Arcabouço Fiscal e o recente anúncio de cortes de cerca de R$ 72 bilhões, dos quais R$ 49 bilhões virão de ataques à classe trabalhadora, com arrocho salarial, aposentadorias, BPC, Bolsa família, PIS/PASEP (abono salarial), educação, saúde, previdência e assistência social.
Como comunistas, lutamos para aproveitar toda e qualquer situação econômica, social ou política para ajudar os trabalhadores e jovens a tirar as conclusões necessárias do movimento, isto é, que é preciso derrubar o capitalismo para que de fato seus interesses históricos possam ser atendidos. Para isso, certas reivindicações jogam um papel extremamente progressista para vincular a luta de hoje com o futuro de amanhã. É nesse sentido que, como medida de transição, propomos não apenas a redução da jornada de trabalho sem redução salarial, mas o aumento do próprio salário mínimo para o salário mínimo vital necessário demonstrado pelos cálculos do Dieese, que seria de R$ 7.067,68. Além disso, para combater a inflação galopante, que dia a dia retira o poder real de compra do salário dos trabalhadores, propomos o gatilho automático dos salários, para que todos os meses sejam reajustados de acordo com a inflação.
Em última instância, nós, como comunistas, não queremos apenas o aumento salarial e a redução da jornada de trabalho, mas buscamos o fim do próprio sistema de exploração, isto é, a supressão da propriedade privada dos meios de produção que permite que uma parcela pequena da humanidade (a burguesia) explore e sobreviva às custas do trabalho da imensa maioria (o proletariado e as parcelas pauperizadas da pequena-burguesia), dando-lhes apenas uma parte muito ínfima da riqueza que eles próprios produziram.
Carta Aberta da 1ª Plenária Nacional pelo fim da Escala 6×1 e pela Redução da Jornada de Trabalho!
A crise da sociedade capitalista se aprofunda a cada ano, recaindo nas costas da classe trabalhadora, com a degradação das condições de vida e trabalho. A superexploração atinge níveis desumanos e os governos dos patrões aplicam ajustes fiscais e econômicos. O final do ano de 2024 foi marcado por diversos ataques à classe trabalhadora em nível nacional e internacional. No Brasil, a extrema direita defende todo tipo de ataque aos trabalhadores, com projetos privatistas e a flexibilização total dos direitos trabalhistas, mascarando a exploração pelo falso discurso do empreendedorismo. Além disso, o Arcabouço Fiscal, que é um Novo Teto de Gastos no governo Lula-Alckmin impôs mais ajuste fiscal e arrocho contra os trabalhadores, reduzindo mais e mais o orçamento para os serviços públicos, como saúde e educação, e estrangulando os modelos de reajuste do salário mínimo. Não bastasse, o atual governo se nega a revogar as contrarreformas trabalhista e previdenciária de Temer e Bolsonaro.
A luta central para os trabalhadores contra a superexploração do trabalho representada pela escala 6×1 voltou à tona com força e apelo popular, como demonstrou a última pesquisa realizada em que mais de 64% da população é contra essa escala. A mobilização popular se fez sentir na greve da Pepsico em 24/11 último, que durou uma semana, e em outros atos, manifestações, passeatas e mobilizações no dia 15 de novembro de 2024, em que uma camada expressiva dos trabalhadores foi às ruas pelo fim da escala 6×1 e pela redução da jornada de trabalho. Também no dia 20 de dezembro, vários setores foram às ruas novamente, fazendo manifestações em supermercados e shoppings.
O governo Lula-Alckmin trabalha a favor da manutenção dessa escala de trabalho, inclusive com a infame declaração do Ministro do Trabalho, Luiz Marinho, de que essa conquista só poderia ser negociada com a patronal de cada categoria. A paralisia da maioria das centrais sindicais é um obstáculo à luta dos trabalhadores desde a base, pois faz coro a essa postura: joga os trabalhadores em negociações por empresa, dividindo a nossa luta em vez de impulsionarem uma luta política unificada pela redução da jornada de trabalho, usando de métodos judiciais para criminalizar e acabar com o movimento, como no caso do SINDEC (Sindicato dos Comerciários), de Porto Alegre.
Nós defendemos uma postura totalmente diversa nessa luta: temos um compromisso incondicional com o fim da escala 6×1 e todas as outras escalas que superexploram os trabalhadores, defendendo a redução da jornada de trabalho sem redução salarial. Defendemos o salário mínimo do DIEESE, o fim da terceirização com efetivação dos atuais terceirizados sem concurso público e a revogação das Reformas Trabalhista e Previdenciária e o fim do Novo Arcabouço Fiscal do governo.
A tarefa de todos os trabalhadores comprometidos com essa luta agora é, principalmente, do trabalho junto às bases de trabalhadores, nos locais de trabalho, constituindo comitês de organização e mobilização nas localidades, que unifique todos os trabalhadores, considerando as especificidades de cada região, incorporando as campanhas salariais como parte dessa luta.
Além disso, devemos todos nos incorporar e construir um calendário nacional de mobilização pelo fim da escala 6×1, exigindo que todas as entidades sindicais e estudantis, movimentos sociais se incorporem e construam um grande plano de lutas. O dia 16 de fevereiro será o 3º Dia Nacional pelo Fim da Escala 6×1 e pela Redução da Jornada, com atos, panfletagens, e mobilizações em todo o país, e chamamos o VAT a construir conjuntamente. Também devemos incorporar esse movimento à mobilização para o 8 de Março e o 1º de Maio, datas históricas de luta da classe trabalhadora. Além disso, devemos promover plenárias regionais que construam Encontros Estaduais no fim do mês de março, convocadas a partir das organizações, entidades, oposições e independentes de cada região, bem como dos comitês locais.
TODOS ÀS RUAS NO DIA 16 DE FEVEREIRO: DIA NACIONAL DE MOBILIZAÇÃO PELO FIM DA ESCALA 6X1 E PELA REDUÇÃO DA JORNADA DE TRABALHO!