Esta primeira semana de fevereiro foi marcada por um conjunto de acontecimentos, aparentemente sem conexão, na cidade “maravilhosa” do Rio de Janeiro.
Esta primeira semana de fevereiro foi marcada por um conjunto de acontecimentos, aparentemente sem conexão, na cidade “maravilhosa” do Rio de Janeiro. Um assalto a um hospital, uma “geral” contra um rolezinho que não aconteceu em um shopping, um garoto acorrentado nu em um poste e a volta das “invasões” de morro para vingar a morte de uma policial em uma UPP.
Na verdade, os fatos tem conexão. A principal delas é que o aparelho policial do estado não consegue cumprir uma de suas funções – garantir a propriedade privada individual. Em outras palavras, o assalto ao hospital, aonde doentes, idosos e profissionais de saúde foram achacados por um bando armado sem intervenção policial mostra esta falência. Os roubos continuos no aterro do Flamengo (um parque que serve de area de lazer principalmente nos finais de semana) também o mostram.
Mais ainda, um posto da UPP em um morro é atacada, uma policial é morta e uma reunião na secretaria de segurança “solta” a polícia, que invade morros em “busca” dos assassinos. No primeiro dia da “busca” 10 suspeitos são baleados e seis “morrem” no translado entre o morro e o hospital. Pronto, vingança feita e ninguem mais fala nisso.
Depois disso, um grupo de jovens, negros e pobres, é agredido por um conjunto de auto-denominados “justiceiros”, espancados e um deles é acorrentado, nu, em um poste. O jovem, em uma entrevista, admite depois que já praticou furtos na área do aterro do Flamengo, aonde foi surrado.
No Facebook, internautas denunciam que a polícia, acompanhando um oficial de justiça, interpela vários frenquentadores de shopping que “parecem” poder fazer “rolezinhos” ou que são do tipo “black block” ou “manifestantes”. Uma das interpeladas discute com os policiais e é ameaçada de que a próxima revista “pode ser na sua casa”. Resolve procurar uma delegacia pra fazer a denúncia e é persuadida pelos seus advogados de “desistir” porque não vai dar em nada.
O jornal “O Globo”, normalmente bem partidário, assume frente a estes fatos, uma postura “a mais neutra possível”. Evita tomar partido na discussão que se dá na Câmara dos Deputados entre Benedita da Silva (PT) e Bolsonaro, este defensor dos “justiceiros”. Afinal, o que se pode fazer?
A pequena burguesia, a média burguesia, acuada, pede que a polícia “faça o seu trabalho”. Volte para as UPP. Segure seus “cachorros”. “Esqueça os rolezinhos”. E impeça os roubos no Aterro e nos hospitais. Outros apoiam os “justiceiros”. E os trabalhadores?
O desenvolvimento de grupos como os “justiceiros” pode levar ao fascismo. Não é a toa que Bolsonaro os apoia. Aos trabalhadores, aos dirigentes dos sindicatos e dos partidos operários, cabe perguntar: não seria prudente discutir a formação de comitês de auto-defesa? Afinal, porque os trabalhadores tem que continuar vítimas dos ladrões, da polícia e dos “justiceiros”?