O que está por trás do argumento de que falta dinheiro para garantir a aposentadoria dos trabalhadores, e como se cria essa mentira.
Com a Reforma da Previdência, Temer pretende fazer o que nem FHC, Lula ou Dilma conseguiram: estabelecer limite mínimo de idade para aposentadoria, igualar aposentadoria de homens e mulheres, eliminar a aposentadoria integral, suprimir a aposentadoria com tempo reduzido para os professores, desvincular o piso dos benefícios previdenciários do salário mínimo, entre outras maldades. Para piorar, as centrais sindicais se dispuseram a se reunir com o presidente para negociar esses ataques.
O principal argumento dos defensores destas mudanças é o tão propalado déficit nas contas da previdência. Mas os números do próprio governo desmentem suas previsões catastróficas. O primeiro erro que se comete é tratar a previdência de forma dissociada do conjunto da Seguridade Social, pois esta abrange, além da previdência, a saúde e assistência social.
Apenas no ano de 2015, a receita total da seguridade social foi de R$ 675 bilhões de reais, enquanto a despesa foi de R$ 658 bilhões, ou seja, houve superávit de 16 bilhões. Por outro lado, também no ano de 2015, houve uma desoneração da receita na área da seguridade social da ordem de R$ 157 bilhões. Enquanto isso, fala-se em déficit de R$ 85 bilhões na previdência.
Ao tempo em que se pinta um quadro sombrio para o futuro, colocando a necessidade de um amplo ajuste fiscal, os trabalhadores são empurrados para os bancos que oferecem seus planos de previdência complementar. A tática é sempre a mesma: precariza-se a previdência pública em benefício da previdência privada.