Apesar da suposta “democratização do ensino superior” propagada pelo governo federal, na vida real dos milhares de jovens brasileiros, entrar em uma universidade pública continua sendo um sonho, cada vez mais distante.
Apesar da suposta “democratização do ensino superior” propagada pelo governo federal, na vida real dos milhares de jovens brasileiros, entrar em uma universidade pública continua sendo um sonho, cada vez mais distante.
Segundo os números anunciados pelo próprio MEC (Ministério da Educação), somente neste ano mais de 9,5 milhões de pessoas se inscreveram no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), porta de entrada para a universidade. Porém, o governo ofereceu, por meio do Sistema de Seleção Unificada (Sisu), apenas 171.756 vagas no primeiro semestre e 51.000 vagas para o segundo semestre de 2014, portanto, 222.756 vagas no total.
Em outras palavras, mais de 9,2 milhões de jovens que sonhavam em estudar em uma instituição federal de ensino, terão que optar pelas universidades privadas, pois não há vagas para tamanha demanda.
Os números mostram uma concorrência média de 42,7 inscritos por vaga! Para os que diziam que o vestibular acabou, esta aí a continuidade do cruel funil que seleciona uma minoria para as faculdades públicas.
Os números mostram também um aumento na demanda por vagas nas instituições superiores de ensino. Em 2012, foram 5,7 milhões de inscritos no Enem; Em 2013, o número alcançava 7,8 milhões e, neste ano, 9,5 milhões. Uma verdadeira panela de pressão que, para não estourar, o governo criou uma válvula de escape, os programas de fortalecimento do ensino privado: Prouni e Fies.
Ao invés de universalizar o ensino superior público com vagas para todos, o governo canaliza os milhões de jovens para a fúria dos “tubarões do ensino”, os capitalistas da educação.
O Programa Universidade para Todos (Prouni) ofertou 90.045 bolsas de estudo em faculdades particulares no segundo semestre de 2013 e 115.101 bolsas no primeiro semestre de 2014 (205.145 bolsas em um ano), sendo 60% das bolsas integrais e 40% delas de 50% de desconto.
Como se vê, nem mesmo o Prouni, que isenta os donos das faculdades de pagarem impostos, é capaz de absorver a demanda. Restando ao jovem se endividar e acessar o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies). No qual o governo paga as mensalidades para o dono da universidade e o aluno começa a pagar o financiamento 18 meses após se formar, com juros de 3.4% ao mês. A esperança de estudar na universidade pública acaba no endividamento precoce logo depois de formado.
A presidente Dilma Rousseff disponibilizou crédito no valor de R$ 1,68 bilhão só para o Fies. Dinheiro que poderia construir novas universidades federais, criando milhares de novas vagas, mas que acabam no bolso dos capitalistas da educação.
Segundo reportagem do portal G1, o Fies é um dos responsáveis por salvar ensino privado em tempos de crise. “A inadimplência no setor de ensino superior no país ficou praticamente estável. Os dados são do Semesp, sindicato das faculdades privadas do Estado de São Paulo. Segundo o Semesp, o que motivou a estabilidade foi o Fies, financiamento estudantil do governo federal, que deslanchou nos últimos anos”.
E assim segue a privatização do ensino, com o sucateamento da educação pública e os benefícios ilimitados aos donos de escolas e universidades particulares.
O verdadeiro fim do vestibular e o acesso universal ao ensino público são bandeiras da campanha “Público, Gratuito e Para Todos: Transporte, Saúde, Educação! Abaixo a Repressão!”. Junte-se também a esta campanha para lutarmos contra a perversa lógica imposta por esse sistema, o capitalismo!