Ao transitar pelas ruas, é bem provável que se depare com mensagens como esta da foto do Centro da cidade de Niterói: “Eleição não! Revolução sim!”. Não há dúvidas de que haja pessoas isoladas e grupos sociais que defendam a derrubada do Estado burguês para a implantação do socialismo no mundo. O capitalismo é um modo de produção que já não cumpre um papel progressista para a humanidade há anos e só não foi superado ainda devido à crise da direção do proletariado.
No caso do Brasil, o sofrimento dos pobres tem se intensificado cada vez com o governo Bolsonaro, totalmente descompromissado com a saúde, a educação e com as políticas públicas, de interesse para a população trabalhadora. Nesse sentido, constata-se um aumento desenfreado do desemprego, da contaminação e de mortes em massa pela Covid-19, sobretudo, em relação aos que necessitam do auxílio do governo na atual conjuntura política de pandemia. Entretanto, a insatisfação social perante o Estado burguês não é um problema atual. Desde governos anteriores, é possível perceber como a desigualdade tem piorado cada vez mais, apesar de haver um discurso de esquerda a favor dos pobres; mas que, na prática, vincula-se com os interesses dos ricos, como banqueiros, grandes empresários, fazendeiros, além das bancadas religiosas e a política capitalista.
Dessa forma, as eleições no sistema burguês têm desanimado bastante a população, de maneira geral, pois independentemente dos discursos dos grandes partidos de esquerda ou de direita, as práticas políticas têm sido sempre as mesmas. As grandes manifestações que ocorreram no Brasil durante junho de 2013, no governo Dilma Rousseff (2011-2016), poderiam ter sido o começo de um processo revolucionário se não fosse a falta de direção e de um partido revolucionário.
Conforme é demonstrado por Lenin (1870-1924) e Trotsky (1879-1940), a organização do partido socialista é fundamental para o processo revolucionário, porque somente assim é possível combater a burguesia reacionária, que tentará de todas as maneiras dissolver o partido para manter seus privilégios pessoais. Sendo assim, a classe operária precisa estar consciente de que a revolução socialista não se dará gradativamente no governo burguês, de acordo com as visões dos partidos reformistas. Em outros termos, apenas com as eleições na atual conjuntura capitalista não é o suficiente para que a classe trabalhadora assuma as direções do governo.
Contudo, a classe operária só pode participar do processo eleitoral e eleger seus candidatos porque combateu duramente para conquistar esse direito. Durante o processo eleitoral burguês, a esquerda revolucionária, como é o caso da Esquerda Marxista, deve apresentar o seu programa político, através de indicação de candidatos que abram possibilidades para o caminho revolucionário. Outrossim, é necessária uma criação de comitês de luta e propagandas políticas que apresentem a nossa crítica contrária ao Estado burguês e a necessidade de derrubarmos o sistema capitalista, o caos que ora persiste no mundo; mas que, com toda a certeza, haverá de se findar. Como já dizia Trotsky no Programa de Transição (1938):
“Sem vitória da revolução socialista no próximo período histórico, toda civilização humana está ameaçada de ser conduzida a uma catástrofe”
Isso porque o sistema do capital não tem limites quanto aos interesses desenfreados na obtenção de lucro, ainda que oprima toda a humanidade, o meio ambiente e o mundo, de forma geral. Portanto, é preciso que o partido revolucionário se construa de maneira organizada, propagando-se pelos quatro cantos em prol de um mundo igualitário, um mundo socialista.
Fontes:
LÊNIN, Vladimir Ilitch. (1870-1924). O Imperialismo: etapa superior do capitalismo. Apresentação de Plínio de Arruda Sampaio Júnior. Campinas, SP: FE/UNICAMP, 2011.
TROTSKY, Leon. “Programa de Transição” (1936). Disponível em: <https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/999769/mod_resource/content/1/TROTSKY%2C%20Leon.%20O%20programa%20de%20transi%C3%A7%C3%A3o.pdf> Consulta em 3/6/2021.