A instabilidade política corre o mundo, fruto da crise do regime capitalista. Partidos tradicionais caem no descrédito, governos se enfrentam com forte oposição popular, a burguesia está dividida e a classe trabalhadora dá seguidas demonstrações de disposição de luta, apesar do bloqueio das direções reformistas e conciliadoras. Tudo isso se expressa em resultados surpreendentes de alternativas antissistema no âmbito eleitoral.
O Brasil está inserido e em sintonia com este quadro internacional. A crise econômica que atingiu em cheio o país em 2014 teve como resultado o ajuste fiscal iniciado pelo governo Dilma e aprofundado pelo governo Temer e o podre Congresso Nacional, com duros ataques contra direitos e conquistas de nossa classe.
Ao mesmo tempo, a disposição de luta na base pôde ser vista no primeiro semestre de 2017, com a maior greve geral da história do país. Brasília foi tomada por 100 mil manifestantes sob forte repressão, uma onda ascendente que só não foi mais longe pelo papel vergonhoso das direções sindicais, da CUT em especial como maior central sindical do país, que desmontaram novas greves gerais e levaram campanhas sem mobilizar de fato suas bases.
O ano de 2018 começa quente. A execução da vereadora do PSOL/RJ, Marielle Franco, desatou manifestações massivas pelo país, que apontaram o repúdio ao assassinato, mas também o ódio aos governos, à intervenção federal no RJ, e à Polícia Militar, reivindicando investigação independente da execução de Marielle. Soma-se a isso a vigorosa greve dos professores e servidores da cidade de São Paulo, com grandiosas manifestações contra a Reforma da Previdência do prefeito João Doria.
Neste cenário ocorrerão as eleições de 2018. A burguesia tem dificuldades em encontrar um nome que apareça como “novo”. Ela tem criado “novos movimentos” para a formação de quadros políticos que defendam uma “política liberal”, construindo escolas e cursos, dando bolsas, visando, se possível, construir um novo partido burguês “limpo” das sujeiras dos velhos partidos. É o caso de movimentos como o “Agora!”, “Acredito”, ou “Renova”. Entretanto, com a recusa de Luciano Huck em se candidatar, uma opção de renovação para aplicar a velha política parece distante para as eleições deste ano.
Diante disso a classe dominante vai se contentando em apostar no nome de Geraldo Alckmin, que não decola nas pesquisas. Bolsonaro aparece como a expressão distorcida e reacionária do ódio da população ao sistema e deve ser desmascarado como mais um candidato de manutenção do atual regime de opressão e exploração da classe trabalhadora.
A burguesia decidiu encerrar a etapa da colaboração de classes e por isso decidiu tirar Lula da disputa através de uma condenação sem provas no âmbito da Lava Jato. Somos contra a Lava Jato por seus objetivos políticos e econômicos burgueses, defendemos o direito de Lula ser candidato, mas não damos nenhum apoio ao candidato Lula ou ao “plano B” que vier do PT. Eles seguem tentando se mostrar como úteis à burguesia e ao imperialismo, aliando-se com aqueles que há pouco tempo chamavam de “golpistas”. Um governo petista será de continuidade da submissão aos capitalistas e não pode oferecer nenhum futuro à luta da classe trabalhadora.
O PSOL pode jogar um importante papel nessas eleições e crescer como uma alternativa de esquerda, mas necessita de uma campanha que se coloque claramente contra o capitalismo, pela revolução e o socialismo, e que nada tem a ver com as falsas saídas reformistas e a velha conciliação de classes do PT. Este é o sentido que precisa ter a candidatura a presidente de nosso partido, que escolheu Guilherme Boulos para representá-lo.
A Esquerda Marxista, tendência do PSOL, lançará candidaturas nestas eleições sem nenhuma ilusão na farsa da democracia burguesa. Os marxistas intervêm no processo eleitoral e no parlamento lutando pelas reivindicações da classe trabalhadora e construindo as forças da revolução, que tem como tarefa colocar abaixo o Estado burguês, suas instituições, e construir uma nova sociedade, onde a riqueza produzida pela classe trabalhadora não esteja a serviço do lucro de um punhado de capitalistas, mas da satisfação das necessidades e do bem estar da maioria da sociedade.
Com esse sentido, nossas pré-candidaturas apresentam os pontos iniciais para a plataforma de uma campanha revolucionária e socialista, que está aberta a sugestões de nossos apoiadores:
- Revogação da Reforma Trabalhista, da Lei das Terceirizações, do congelamento de gastos públicos e da Reforma do Ensino Médio!
- Previdência Pública e Solidária para todos! Pela revogação de todas as “Reformas” da Previdência!
- Não Pagamento das Dívidas Interna e Externa!
- Transporte, saúde e educação: públicos, gratuitos e para todos!
- Abaixo a repressão e a criminalização dos movimentos sociais!
- Investigação independente da execução de Marielle! Punição dos culpados!
- Fora a intervenção federal do RJ! Fim da Polícia Militar!
- Salário Mínimo de acordo com o Piso do Dieese! Reajuste mensal de acordo com a inflação!
- Estabilidade no emprego e estatização de todas as empresas que demitam em massa! Estatização da Fábrica Ocupada Flaskô!
- Redução da Jornada de Trabalho sem redução de salário!
- Reforma Urbana Já! Moradia digna e regularização fundiária para todos!
- Reforma Agrária Já!
- O petróleo tem que ser nosso! Monopólio e Petrobras 100% estatal!
- Pela reestatização da Vale do Rio Doce e de todas as empresas privatizadas!
- Fora Temer e o Congresso Nacional! Por um Governo dos Trabalhadores!
- Abaixo o capitalismo! Combater pela revolução socialista internacional!
Junte-se a nós nesse combate!