O nível de repressão contra as manifestações políticas vem aumentando muito em todo o Brasil, como já é de conhecimento de todos os que atuam na luta de classes. É o reflexo do acirramento da luta de classes onde cada lado tende a apresentar cada vez mais as armas mais pesadas de seu arsenal. A crise econômica mundial impele a burguesia em todo o planeta a atacar cada vez mais a classe trabalhadora. No Brasil, desde 2013, não há sequer um dia de noticiários com apenas amenidades.
Desde lá, diante da evidente disposição de luta que a todo momento se mostra vindo de baixo, apesar das direções do movimento operário e popular, a burguesia tenta salvar sua cabeça e sua margem de lucro reprimindo movimentos e atacando a classe trabalhadora. Para melhor fazê-lo, tomou de assalto o governo federal para por suas próprias mãos ainda mais rápido retirar direitos, ignorar as liberdades democráticas, enterrar empregos e nos lançar um século no passado.
Na cidade de São Paulo, o prefeito Dória (PSDB), empresário milionário, tenta ser o exemplo de conduta para a burguesia em nível nacional. Sem se preocupar com a maquiagem da conciliação de classes, como tentava em vão fazer Fernando Haddad, Dória lança esguichos de água em moradores de rua na noite mais fria do ano, fogo e cassetetes na Cracolândia, despejos em ocupações, Guarda e Polícia Militar em cima de qualquer manifestação.
O mesmo prefeito que escolheu para a Secretaria de Cultura alguém que ao “dialogar” com artistas profere frases como “vou quebrar a sua cara”! O mesmo prefeito ignóbil que mandou apagar grafites de alto valor artístico e pintou a cidade de cinza para fazer esquecer que há um horizonte para além deste presente nebuloso, lançou a repressão contra os companheiros da Cia Antropofágica de teatro, valorosos militantes do movimento dos trabalhadores da cultura na cidade de São Paulo, na tarde de ontem!
Reproduzimos abaixo o relato da companheira Ruth Melchior e expressamos todo o nosso apoio contra a repressão! Pela liberdade de livre associação e expressão. Pela liberdade de manifestação!
“Hoje, 04 de Agosto de 2017, a tarde, eu e dois companheiros de trabalho estávamos grafitando, manifestando nossa posição crítica as políticas executadas pelo prefeito da cidade de São Paulo no portão do ateliê de cenografia e figurino onde trabalhamos. Neste mesmo momento, o prefeito estava participando de um evento que ocorria no prédio ao lado. Quando ainda estávamos iniciando este manifesto artístico, vale ressaltar em um local privado, fomos interpelados por assessores e advogados do prefeito, por funcionários da subprefeitura da Vila Mariana e por militantes em prol deste governo que acompanhavam o evento. Estas pessoas começaram a questionar o porque estávamos realizando este protesto, dizendo que o atual prefeito seria o melhor que a cidade teve nos últimos tempos. Nós dissemos que não concordávamos com as condutas e ações do atual governo e que tínhamos o direito de realizar esta manifestação. Estas pessoas nos agrediram verbalmente, de forma incisiva, com o intuito de coibir a continuidade do grafite, alegando que nosso ato não era uma “obra” de arte. Passados alguns minutos, chegou ao local a guarda civil metropolitana, que questionou quem era o responsável pelo local.
Dissemos que era um desses companheiros de trabalho, que responde como locatário do espaço. Estes guardas pegaram o documento de identidade deste responsável e solicitou nossa condução até a 16ª DP. Neste momento comecei a entrar em contato com as companheiras e companheiros para tomarem conhecimento da ação policial e poderem nos ajudar uma vez que não sabíamos o que poderia acontecer conosco. Já na Delegacia de Polícia, fomos surpreendidos quando uma das companheiras que estava com o pincel na mão para pintura do grafite no momento que fomos interpelados pelos defensores do prefeito, foi enquadrada e informada que sofrerá processo judicial por dano ao meio ambiente em monumento urbano. Temos convicção de que não podemos aceitar sermos levados para delegacia nem sermos processados por exercer nosso direito de manifestação artística e de pensamento. No momento estamos todos fisicamente bem mas precisamos seguir atentos e mobilizados em defesa dos que seguem respondendo a este processo judicial, por simplesmente terem realizado um ato de manifestação artística em um espaço cotidiano de criação.
Agradecemos as companheiras e aos companheiros que se mobilizaram, as advogadas e o advogado que se prontificaram de imediato e foram ao local nos orientar e defender e elucidamos que estamos bem e em segurança. Vamos seguir atentos e em luta!
Ruth Melchior”