Publicamos aqui o editorial da edição nº 14 do Jornal Luta de Classes.
O Presidente Lula declarou em um ato na UNE, a respeito das recentes descobertas de petróleo (na área chamada de pré-sal): “É preciso que a gente destine uma parte deste dinheiro para que a gente possa resolver o problema da educação neste País. Para que a gente possa resolver o problema de milhões de pobres que estão aí e não deixar na mão de meia dúzia de empresas que acham que o petróleo é delas e vão apenas comercializar”.
Foi justamente pra fazer isso que o povo trabalhador brasileiro elegeu Lula. E não pra usar “uma parte deste dinheiro”, mas todo o dinheiro. Entretanto, se Lula fizesse isso mesmo, estaria girando sua política 180º em relação ao que vem fazendo nos últimos 6 anos. O Ministro da Fazenda, Mantega, explicou o que Lula quis dizer mesmo: “O Brasil vai fazer como outros países já fizeram e não vai colocar dentro do país todos os dólares que ele auferir (com o pré-sal)” (site Estadão, 20/08).
Ou seja, enquanto que na Venezuela o governo Chávez estatiza a indústria de cimento e anuncia a estatização de um dos maiores bancos do País, o governo Lula, sob o disfarce de uma “estatal 100%” pretende na verdade investir o dinheiro do petróleo no exterior, retirar da Petrobrás o controle do Pré-sal e deixá-lo nas mãos de empresas privadas! Bela forma de “resolver o problema de milhões de pobres”!
Os preços de alimento e transporte aumentam no mundo todo e fazem reviver o fantasma da fome percorrendo continentes inteiros. Um ex-dirigente do FMI declara que o pior da crise ainda vai vir, enquanto diminuem as construções de novas casas nos EUA, cai o nível de emprego, aumenta a inflação. A General Motors – a maior empresa industrial do mundo – acumula déficit sobre déficit e está ameaçada de fechar, arrastando centenas de milhares de trabalhadores para o desemprego e a miséria.
No Brasil, o aumento do crédito tem gerado uma demanda interna e feito a economia andar. Apesar disso, enquanto a inflação gira em torno de 6%, o preço dos alimentos sobe em torno de 20% a 30%. Quanto tempo levará até chegar a situação de crise que arrasta a economia dos EUA? No Brasil, enquanto aumenta um pouco o emprego, aumentam muito mais os lucros e sofre o pobre com o aumento do preço dos alimentos.
Em última análise, estes fenômenos só mostram o beco sem saída em que se meteu o capitalismo e a necessidade da luta dos trabalhadores para substituí-lo pelo socialismo. A Esquerda Marxista contribui com esta luta, apresentando suas posições e análises, combatendo pela defesa de cada uma das reivindicações dos trabalhadores e se construindo como uma organização sólida de revolucionários. Por isso, na discussão do petróleo do Pré-Sal, batalhamos pela volta do monopólio estatal do petróleo. Por isso apoiamos todas as greves e mobilizações que visam arrancar reajustes salariais compatíveis com o aumento do preço dos alimentos. Por isso, seguimos com a campanha em solidariedade à revolução venezuelana e no combate em defesa dos empregos das fábricas ocupadas no Brasil. Por isso, nossos candidatos nas eleições combatem contra as alianças com os partidos burgueses! Junte-se a nós!