A democracia, liberdade, autonomia sindical foram pilares centrais da Fundação da CUT que completa 30 anos em 2013. Nesta trajetória da luta da classe operária e dos trabalhadores foram construídos muitos sindicatos combativos e classistas, rompendo com o velho peleguismo.
Porém, ao longo do tempo muitos sindicatos cutistas foram incorporando práticas contra as quais a CUT nasceu condenando, como por exemplo, a disputa “sanguinária” pelo controle de aparatos e aparelhos sindicais.
Estas práticas que rompem com os métodos da democracia operária, ficaram evidentes nas eleições ocorridas no Sindicato dos Condutores de Bauru nos dias 6 e 7 de fevereiro, quando 4 chapas participaram do processo.
Duas chapas se reivindicavam cutistas, sendo a chapa 2 compostas por membros da diretoria que romperam em virtude das práticas adotadas pela direção, em virtude da adaptação aos interesses patronais não encaminhando as lutas da categoria, como por exemplo; a volta dos cobradores, a redução da jornada, o fim das pegadas fracionadas e outras. A chapa 2- Contesta, foi constituída por trabalhadores que nos últimos 3 anos organizaram e estiveram à frente das lutas da categoria, inclusive da greve vitoriosa realizada em setembro de 2012 que a direção boicotou, só assumindo as negociações quando não havia mais como recuar.
Todo o processo eleitoral foi marcado por fraudes, violência e falta de democracia. Não houve participação paritária de fiscais e mesários, um exército de mais de 100 bate paus veio para Bauru, para intimidar e agredir trabalhadores. O que levou mais da metade dos associados a não votar.
No processo de apuração a prática da violência também se repetiu. Representantes da chapa 2 foram ameaçados dentro do sindicato, e pasmem, o advogado Marcos que representava a mesma ficou retido dentro da entidade sendo obrigado a assinar a ata de apuração, além de ameaças e agressões praticadas contra dirigentes de sindicatos da CUT que apoiavam a chapa 2, principalmente contra o Coordenador da Subsede Regional da CUT Bauru, Francisco Wagner Monteiro, o Chicão do Sinergia.
Com todos estes componentes, o resultado não poderia ser outro: A chapa 1 da atual diretoria apoiada pela Federação Cutista de São Paulo obteve 347 votos, a chapa 2 apoiada pelos sindicatos cutistas de Bauru e região teve 160 votos, a chapa do Conlutas 29 votos, e quarta chapa de independentes obteve 19 votos.
Dois dias após a apuração, um integrante da chapa 2 foi demitido, e a declaração do atual presidente do SINDTRAM Zé Padeiro é autoexplicativa: “a empresa tem o direito de demitir funcionários”.
Este processo é mais uma demonstração da degeneração que contaminou uma grande parte dos sindicatos, onde os interesses dos trabalhadores passam ao largo, e o que conta é o controle do aparato a qualquer custo.
A chapa 2 compostas por cutistas autênticos está agora realizando duas tarefas: um vigoroso trabalho para manter os trabalhadores filiados ao sindicato, que indignados com o que ocorreu estão se desfiliando da entidade e entrando com ações judiciais para tentar anular o processo eleitoral.
Como afirmava Lênin: “os sindicatos são a escola da revolução e da corrupção”. As práticas adotadas nas eleições dos condutores de Bauru demonstram claramente que hoje predomina em muitas entidades a escola da corrupção.