Nesta sexta-feira (1º/9) e sábado (2/9) acontece em Florianópolis o 14º Congresso Estadual da CUT (CECUT). A Corrente Sindical Esquerda Marxista (CSEM) participa com uma delegação de trabalhadores da Prefeitura de Joinville, da rede estadual de educação e da Companhia Águas de Joinville.
A preparação para este evento, que antecede o Congresso Nacional da CUT, começou em maio com a tirada de delegados nas bases dos sindicatos filiados à Central.
Tal foi nossa surpresa quando, na manhã desta sexta, o professor Maciel Frigotto, delegado da CSEM pelo Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Santa Catarina (Sinte) foi impedido de se credenciar como delegado. A situação impediu o delegado de participar de boa parte do congresso e só foi resolvida próximo às 17 horas deste primeiro dia, após muitos protestos.
Este não foi um acaso. Foi uma tentativa deliberada de boicotar as vozes que historicamente se levantam em defesa da categoria. Uma tentativa de impedir que façamos discussões políticas importantes, como a necessidade de a CUT lutar pela revogação da Reforma do Ensino Médio e o avanço da privatização da educação pública; ou como a necessidade de a CUT se posicionar contra a cobrança de taxa negocial dos trabalhadores (nova manobra das centrais e do governo para substituir o imposto sindical).
Vimos esta mesma tática de boicote na última eleição do Sinte, quando fomos impedidos de participar do pleito porque o sindicato não aceitou na composição da nossa chapa os professores contratados em caráter temporário – que atualmente são a maior parte da categoria.
É importante ressaltar que os congressos são uma parte extremamente importante da vida política de um sindicato ou de uma central sindical. Eles são um dos instrumentos da democracia operária. É por meio deles que se define a política que será abordada no próximo período, analisando a conjuntura atual e definindo quais passos devem ser dados na luta dos trabalhadores.
Os encontros congressuais têm força e poder de planejar a mobilização de milhões de trabalhadores, ainda mais quando falamos em uma das maiores centrais sindicais do mundo, a CUT.
Democracia na eleição dos delegados
Estatutariamente, a eleição para os delegados da CUT pode ser feita de duas formas. A primeira e mais democrática, mobilizando os locais de trabalho para assembleias dos sindicatos, nas quais os delegados são eleitos com base em uma plataforma política. A segunda é a representação das vagas entre as forças políticas presentes na categoria, na direção dos sindicatos e reconhecidas dentro da CUT. Esta segunda forma, de distribuição dos delegados por força, é a praticada pelo Sinte SC.
A Corrente Sindical Esquerda Marxista sempre defendeu a democracia operária e o envolvimento dos trabalhadores nas decisões políticas que definem o futuro da categoria. Por isso, sempre defendeu o método de eleição de delegados por meio de assembléias, porque isso significa a legitimação das forças políticas na luta viva dos trabalhadores, que tem o direito de reafirmar seus representantes ou removê-los.
Neste CECUT, a explicação para o professor Maciel não estar na lista de credenciamento como delegado foi uma “falha”, um “esquecimento” da direção estadual do Sinte. Isso demonstra a falta de seriedade com que a direção do sindicato trata a democracia sindical.
O golpe que a direção do Sinte dá continuamente em seus filiados é sintoma de um problema mais grave e estrutural do sindicato, que representa cerca de 70 mil profissionais da educação de Santa Catarina, mas que há anos muito pouco mobiliza.
A política da direção do Sinte nas últimas décadas tem sido de afastamento da categoria das decisões importantes que envolvem seu futuro, deixando os trabalhadores sem mobilização ou organização, enquanto agonizam recebendo o pior salário entre os profissionais da educação do Brasil ou não fazendo nada para mudar a realidade de precarização das condições de trabalho de uma categoria que conta com mais de 65% de trabalhadores em regime temporário (ACTs).
A Corrente Sindical Esquerda Marxista segue o combate ao lado dos trabalhadores, não apenas neste CECUT, mas no dia a dia nos locais do trabalho, em defesa de melhores condições de vida e salário, e da transformação radical da sociedade em uma sociedade socialista.