Os operários da Flaskô convidam para um encontro que celebra os seus mais de 7 anos de luta e ocupação da Fábrica. Leia a declaração de apoio da Esquerda Marxista do PT a este encontro e confira a programação.
Há mais de sete anos os operários da Flaskô têm realizado um feito histórico: a manutenção dos empregos e a continuidade da produção sob controle dos trabalhadores nesta fábrica.
Temos consciência que o sistema capitalista atravessa a sua maior crise desde 1929. O resultado desta crise se verifica no ataque realizado pelos governos em todo o mundo: redução de direitos, demissões em massa, redução dos gastos em serviços públicos. É o que temos visto em países europeus, como França, Grécia, Portugal, Espanha, Inglaterra, etc. É o que temos visto também nos países do oriente, como China e Japão. E é o que temos visto inclusive nos EUA, centro do capitalismo imperialista.
Ao mesmo tempo os trabalhadores resistem e gigantescas mobilizações acontecem em todos estes países. Não é diferente na América Latina onde a luta dos trabalhadores prossegue. É o que vemos especialmente na Venezuela, onde revolução e contra-revolução se enfrentam diariamente.
O Brasil não está blindado de todo esse processo que sacode o mundo. Os bilhões injetados pelo governo com a construção de uma enorme bolha de crédito empurraram a crise para frente, mas sabemos que nada está resolvido e que com seu agravamento nos países imperialistas, aqui chegará mais cedo ou mais tarde. Sabemos também que a unidade, a organização e a mobilização dos trabalhadores serão de fundamental importância para resistirmos aos ataques e avançarmos na conquista de nossas reivindicações.
A luta da Flaskô é um exemplo de combatividade e persistência na busca de uma saída positiva para enfrentar esta conjuntura.
Fábrica quebrada, é fábrica ocupada, fábrica ocupada deve ser estatizada sob controles dos trabalhadores!
Com esta palavra de ordem, se constitui o movimento das fábricas ocupadas que ao longo de quase oito anos resistiu e se espalhou pelo Brasil, num momento onde muitas fábricas fechavam e como sempre os patrões queriam que os trabalhadores pagassem a conta.
Foram dezenas de fábricas em várias regiões do país onde os trabalhadores as ocuparam e colocaram-nas sob seu controle, exigindo a estatização. Foram lutas heróicas: Cipla, Interfibra, Flakepet, Ellen, Diamantina, Fibracoco, etc.
Sabemos que hoje a situação política, econômica e social é diferente, mas sabemos que mais cedo ou mais tarde os trabalhadores estarão confrontados novamente com a necessidade de ocupar fábricas, e então poderão apoiar-se nas experiências anteriores onde a Flaskô é o exemplo vivo que resiste.
A Esquerda Marxista esteve durante todo o tempo na linha de frente do movimento das fábricas ocupadas no Brasil. De maneira firme e paciente fez o debate com todo o movimento operário brasileiro e internacional sobre o controle operário e combateu o caminho equivocado das cooperativas. Seus militantes estiveram na linha de frente em dezenas de ocupações, ombro a ombro com os operários, em todo o Brasil. Como uma organização internacionalista, levou essa discussão e ajudou na luta dos trabalhadores na Venezuela, Bolívia, Paraguai, Uruguai, Argentina e ainda levou essas experiências para vários países da Europa.
Continuamos firmes na luta, analisando a cada momento, a cada situação, o melhor caminho para mantermos nossas conquistas e prepararmos o terreno para as próximas vitórias.
Nos dias 26, 27 e 28 de Outubro realizamos o 2º Encontro Nacional da Corrente Sindical Esquerda Marxista. Entre as principais campanhas aprovadas está a ampliação da propaganda da luta da Flaskô e de todo apoio à campanha para que cessem os ataques à fábrica. Pela decretação de Utilidade Pública da Flaskô pela prefeitura de Sumaré. Pela estatização da Flaskô sob controle dos trabalhadores!
Saudamos este Encontro, e em especial os operários que resistiram e resistem durante todos esses anos. Temos toda confiança na classe operária, e lutamos para existir um governo do PT sem os partidos dos patrões, que apoiado nos sindicatos, na CUT, no MST e nos movimentos sociais, realize as tarefas necessárias para abrir o caminho para um Governo Socialista dos Trabalhadores.
Viva a luta dos operários da Flaskô!
Viva a luta pelo controle operário!
Viva a luta pelo Socialismo!
Comitê Central da Esquerda Marxista, 06 de dezembro de 2010.
Confira abaixo a Programação do “Encontro em defesa da classe trabalhadora” que se realizará nos dias 11 e 12 de dezembro de 2010 na Fábrica Flaskô – Rua Eng. Jaime Pinheiro Ulhoa Cintra, 2355 – Pq. Dos Bandeirantes – Sumaré – SP.
Sábado, dia 11 de dezembro
• 8h30 – 9h00: Inscrição e café da manhã
• 9h00 – 11h00: Análise de Conjuntura: Serge Goulart
• 11h00 – 12h30: Criminalização dos Movimentos Sociais (MST, MTST, ABRACO e Fábricas Ocupadas)
• 12h30 – 14h00: Almoço
• 14h00 – 15h30: Flaskô: A estatização sob controle operário e a campanha pela declaração de interesse social
• 16h00 – 18h30: A luta pela (re) estatização: Embraer, Vale, Petrobras, Ferroviários
• 18h30 – 20h00: Documentários: Embraer, Vale, Petrobras, Flaskô, MST, MTST
• 20h00 – 21h30: Peça de teatro “A Exceção e a Regra” de Bertolt Brecht com grupo Coletivo Núcleo 2
• 21h30 – 23h00: Show “Somo Black”
Domingo, dia 12 de dezembro
• 9h30 – 12h30: Cultura, Educação e Comunicação: (Fábrica de Cultura, Comunicadores Populares, Coletivo Miséria, ABRACO, MIS, Cursinhos Populares, entidades do Movimento Estudantil, Universidade Popular, grupo de teatro Cassandra, Comitê de Artistas, MTD, ENFF)
• 12h30 – 14h00: Almoço
• 14h00 – 15h00: Comissão de Sistematização e Leitura da Carta Final
Para maiores informações acesse http://fabricasocupadas.org.br