Na última segunda-feira, 05 de outubro, foi deflagrada mais uma greve no transporte coletivo da cidade de Cascavel, no oeste do estado do Paraná. Em 16 de março já havia ocorrido outro movimento de greve, porém, visando colaborar para evitar aglomerações no momento em que a pandemia começava a atingir os cascavelenses, o Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Coletivo Urbano Fretamento Escolar Rural de Cascavel (Sinttracovel) resolveu suspender sua mobilização.
A categoria, que reivindica reajuste de 33% no Vale-Alimentação e correção dos índices inflacionários, aprovou o indicativo de greve em assembleia realizada em 24 de setembro, com prazo até o dia 1º de outubro para que as empresas, Capital do Oeste e Pioneira, enviassem propostas, o que não aconteceu. Negam o atendimento das justas reivindicações de seus trabalhadores, apesar de lucrarem há décadas com o controle do setor e terem obtido, em 20 de março, por determinação judicial, o aumento da tarifa dos já abusivos R$ 3,90 para R$ 4,10!
Conforme relato do portal Diário do Transporte, na segunda-feira (5/10) a frota do transporte coletivo paralisou 100%. Entretanto, uma liminar da Justiça do Trabalho, emitida ao fim da tarde do mesmo dia pelo desembargador Célio Horst Waldraff, determinou o retorno imediato de ao menos 65% da frota, impondo ao Sinttracovel a multa diária de R$ 70 mil em caso de descumprimento. Uma audiência de conciliação ficou marcada para a próxima sexta-feira, 09/10, às 14h.
A prova de que a prefeitura, assim como o Judiciário, zelam pelos interesses da burguesia contra a classe trabalhadora, está em nota divulgada na qual a greve é tratada como “ação oportunista de partidos de apoio aos movimentos grevistas em período eleitoral e que não há informações de salários atrasados ou outras perdas em que caiba alguma ação além das que já foram tomadas”. A cobertura televisiva não deixa de cumprir seu sórdido papel, claramente se esforçando em colocar a opinião pública contra os grevistas, colocando trabalhadores contra trabalhadores.
Todo o apoio aos trabalhadores do transporte coletivo de Cascavel que, assim como outras categorias, nos mais diversos locais do mundo, enfrentam arrocho salarial, demissões em massa – lembrando que nos últimos anos foi imposta a bilhetagem eletrônica para as passagens, eliminando o emprego de muitos cobradores – e precarização constante de suas condições de trabalho. Enquanto os passageiros, por sua vez, enfrentam tarifas absurdas de um transporte que de humanizado (como prega propaganda da administração municipal, comandada por Leonaldo Paranhos) não tem nada. O aperto dentro dos ônibus e terminais (inclusive os novos) continua… em plena pandemia!
- Nenhum direito a menos!
- Não à superlotação!
- Por um transporte coletivo estatizado, público, gratuito e para todos, administrado pelos trabalhadores!
- Fora Bolsonaro! Por um governo dos trabalhadores sem patrões nem generais!
Herman Christhopher é militante da Esquerda Marxista, professor da rede estadual do Paraná e candidato a vereador pelo PSOL.