Desde a noite de Terça Feira, dia 13, os estudantes da PUC-SP decidiram em assembleia ocupar a reitoria da universidade e paralisar os cursos. A ação foi uma resposta à nomeação da professora Anna Cintra, terceira colocada em uma lista tríplice, para o cargo de reitora. A decisão foi tomada pelo presidente do Conselho Superior da Fundação São Paulo, Dom Odilo Scherer.
Desde a noite de Terça Feira, dia 13, os estudantes da PUC-SP decidiram em assembleia ocupar a reitoria da universidade e paralisar os cursos. A ação foi uma resposta à nomeação da professora Anna Cintra, terceira colocada em uma lista tríplice, para o cargo de reitora. A decisão foi tomada pelo presidente do Conselho Superior da Fundação São Paulo, Dom Odilo Scherer.
A PUC-SP sofre com a perda da histórica autonomia universitária desde a gestão da reitora Maura Veras (2005-2008), quando a crise financeira da PUC se agravou e por decisão da reitora foi criado um novo órgão máximo na Universidade, o Conselho Administrativo (CONSAD), composto apenas pelo reitor e dois padres que representam a Fundação São Paulo, instituição criada para solucionar o problema financeiro da PUC. Este novo Conselho de apenas 3 “iluminados” tem poderes maiores do que o Conselho Universitário (CONSUN), que conta com representantes estudantis, de professores e funcionários, todos com direito igual à voz e voto, antigo conselho que sempre tomou as decisões da universidade junto a sua comunidade. Este exemplo de gestão democrática teve fim com a instituição do CONSAD, e as consequências disso foram a demissão de diversos professores e funcionários, precarização das condições de trabalho dos professores, terceirização dos serviços de segurança e limpeza e diversos aumentos abusivos de mensalidades.
As medidas da então reitora eleita, Maura Veras, expõem claramente a posição da Igreja Católica e da Fundação São Paulo em relação ao desenvolvimento da Universidade: ao invés de garantir a qualidade de ensino para os estudantes ou as condições de trabalho para os funcionários e professores da universidade, a Igreja opta por maiores lucros, mesmo que isso signifique o rebaixamento do nível da PUC-SP em relação a outras universidades “concorrentes”.
É nesse contexto que a atual 3ª colocada das eleições, e preferida entre o CONSAD e a Fundação São Paulo, é escolhida pelo Bispo Dom Odilo Scherer, pela primeira vez dando caráter consultivo as eleições da PUC-SP, que por mais que eleja uma lista tríplice, historicamente o candidato a reitor mais votado é nomeado. A preocupação da comunidade puquiana com a indicação da candidata a reitora também se dá pelas propostas de transformação ditas em sua primeira entrevista no Jornal PUC Viva, onde a então candidata defendeu veementemente o posicionamento de que se a Universidade é católica ela deve se manter nessa linha, e que os estudantes e professores contrários deveriam se retirar.
Os estudantes, funcionários e professores da PUC não estão sozinhos. Na USP, o atual reitor, João Grandino Rodas, foi escolhido pelo então governador do estado de SP, José Serra, da mesma forma. Nem mesmo dentro de uma lógica antidemocrática, herança direta da ditadura militar, a direita conseguiu eleger seus representantes diretos.
Mais do que uma afronta ao limitado direito de escolha da comunidade universitária, medidas autoritárias como essa refletem a decadência do sistema capitalista em que vivemos. Afogada em suas próprias contradições, a elite, aqui representada pelas autoridades religiosas, atira às cegas e acerta até mesmo suas próprias defesas.
A Esquerda Marxista apoia os estudantes na luta contra mais esse ataque. Contudo, é necessário conscientizar os militantes da PUC de que é preciso adotar perspectivas mais avançadas, como o fim do vestibular e a universalização do ensino superior, para atrair toda a juventude para o combate por universidades realmente abertas e democráticas.
*Estudantes de economia da PUC