O que aconteceu no ato do dia 2/09 e quais são os próximos passos
Uma caravana de várias regiões do estado se reuniu na Praça da República em São Paulo e, em caminhada, chegou em frente à Superintendência do Ministério do Trabalho, por volta das 11h do dia 2 de Setembro. Além dos próprios trabalhadores da Flaskô e das mulheres da Associação de Moradores do Parque Bandeirantes (bairro onde se localiza a fábrica), compareceram ao ato uma delegação de trabalhadores rurais sem terra (MST) de Limeira e Americana, um ônibus de trabalhadores sem teto (MTST) de Itapecerica da Serra, jovens da Juventude Revolução e do movimento estudantil da UNICAMP e USP, militantes da Esquerda Marxista de SP e Caieiras, Sindicato dos Vidreiros de SP, além de ativistas e candidatos do PT e PSOL, como a companheira Neusi, candidata a vereadora pelo PT de Sumaré e do companheiro Baltazar, candidato a vereador pelo PSOL de SP. Destaque também para a presença do camarada Miranda, candidato a prefeito de Caieiras pelo PT, que mostra o compromisso da candidatura com a luta dos trabalhadores, independentemente da cidade ou país.
Enquanto uma comissão da fábrica ocupada Flaskô e de representantes de movimentos sociais presentes negociava uma audiência, cerca de 200 trabalhadores e jovens ocuparam o salão de entrada do prédio. Utilizando um mega-fone e tambores de plástico produzidos pelos operários como instrumentos musicais, o ato seguiu em clima pacífico e festivo, com muita batucada e palavras-de-ordem. Várias faixas foram esticadas e centenas de jornais do Movimento das Fábricas Ocupadas foram distribuídos para a população que transitava pelo centro de SP.
O governo é o responsável pela manutenção dos empregos. A comissão dos trabalhadores, liderada pelo camarada Pedro Santinho, foi recebida pela superintendente regional, Sra. Lucíola Rodrigues Jaime. A comissão explicou que a luta é para garantir os empregos e recuperar os direitos. Por isso, a responsabilidade é do governo Lula que, diretamente ou através dos órgãos públicos, deve tomar medidas urgentes para evitar o fechamento dos postos de trabalho. Afinal, manter aberta a fábrica ocupada Flaskô é importante para fortalecer a luta do Movimento das Fábricas Ocupadas pela devolução da Cipla e Interfibra aos trabalhadores e pela estatização sob controle operário. Sem falar que o controle operário na Flaskô, assim como as ocupações por terra e moradia, são exemplos de luta fundamentais para o povo trabalhador brasileiro e se reforçam mutuamente.
Audiência garante encaminhamentos práticos
A superintendente regional do Ministério do Trabalho, Sra. Lucíola Rodrigues Jaime, se mostrou preocupada e adotou uma série de encaminhamentos práticos que, se forem levados adiante, poderá aliviar a dramática situação dos trabalhadores da Flaskô.
Ela solicitou uma reunião com a Secretaria Estadual do Trabalho e Emprego até o dia 10/09, para envolver o governo do estado no caso. E já convocou a CPFL (companhia de energia elétrica) para uma audiência no dia 17/09, para que os trabalhadores possam rediscutir a redução do preço por kilowat/hora e o oneroso acordo de parcelamento das dívidas anteriores.
A DRT/SP se comprometeu ainda a convocar a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANAEL), a Secretaria Estadual do Trabalho e a de Minas e Energia, além do Ministério de Minas e Energia para participar dessa audiência.
Vale destacar que o preço praticado pela CPFL com a Flaskô é 150 vezes mais caro do que, por exemplo, a Vale do Rio Doce paga pela energia elétrica que consome. Enquanto os trabalhadores da Flaskô pagam R$ 7,50 o kw/h, a Vale paga só R$ 0,05 o kw/h! Além da absurda conta mensal, os trabalhadores da Flaskô ainda são obrigados a pagar, todo mês, R$ 28 mil de parcelamento de dívidas deixadas pelos antigos proprietários. Isso tem comprometido o orçamento da fábrica, dificultando o pagamento dos salários! E assim não dá para continuar!
Outras propostas para manter os empregos
A Sra. Lucíola Rodrigues Jaime ainda vai oficiar o BNDES, a Petrobrás, a Fazenda Nacional e Estadual e a Caixa Econômica Federal (CEF).
A superintendente vai pedir ao BNDES que conceda capital para a compra de matéria-prima, pois sem material para produzir não há como manter os empregos. Na mesma linha, vai também oficiar a Petrobrás para que a estatal compre os produtos da Flaskô.
Vai solicitar ainda que a Fazenda Nacional e Estadual unifiquem as execuções fiscais (de INSS, ICMS, IPI, etc.) para que os trabalhadores possam chegar a um acordo que suspenda ou renegocie as dívidas, enquanto não se chega a uma solução definitiva que, para o Movimento das Fábricas Ocupadas, só virá com a transformação do passivo deixado pelos antigos proprietários em ativos do poder público, via estatização.
Outro ofício será encaminhado para a CEF, que não aceita receber o FGTS, por exemplo, porque não reconhece a personalidade jurídica dos trabalhadores da Flaskô, ou seja, não reconhece a gestão operária da fábrica.
Ocupação da DRT/SP mostra a força dos trabalhadores
Esquecidos pelo poder público e entregues aos leões do mercado capitalista, os trabalhadores da Flaskô encontram enormes dificuldades para manter os empregos. Assim, a ocupação da Superintendência do Ministério do Trabalho, no centro de SP, recolocou na ordem do dia as reivindicações do Movimento das Fábricas Ocupadas e a proposta de estatização sob controle operário. As autoridades vão ter que responder aos trabalhadores da Flaskô, que lutam por empregos, salários, direitos e condições de trabalho. O ato também foi importante para aprofundar os laços de solidariedade que unem os operários das fábricas ocupadas ao MST, MTST e movimento estudantil. “Quando o trabalhador do campo e da cidade se unir, a burguesia não vai resistir”! “Na greve, na rua e na ocupação, construindo alianças pra fazer a revolução”, cantaram os trabalhadores e jovens presentes!