A Esquerda Marxista, seção brasileira da Corrente Marxista Internacional, esteve presente num lindo ato de homenagem ao camarada Roque Ferreira, em seu funeral no dia 05 de setembro, em Bauru. Por conta das condições da pandemia da Covid-19, o sepultamento realizado no cemitério Jardim Ypê foi restrito a 15 membros da família. Roque faleceu no dia 4 de setembro, após complicações durante sua internação após testar positivo para Covid-19. Porém, como tudo na vida do Roque, o seu funeral foi repleto não só de demonstrações de carinho, mas também de um profundo espírito revolucionário.
Roque era um destacado dirigente sindical, ex-presidente do Sindicato dos Ferroviários de Bauru e Mato Grosso do Sul e fundador da CUT. Foi vereador em Bauru por dois mandatos e era atualmente presidente do PSOL-Bauru – após ter se desfiliado do PT em 2015, partido do qual foi fundador – e pré-candidato a prefeito. Era membro do Comitê Central da Esquerda Marxista e um dos principais dirigentes do Movimento Negro Socialista.
Pela manhã houve uma concentração, a partir das 8h30, em frente ao Bar do Genaro, do grande amigo e companheiro Fabrício Genaro, que tem sido importante espaço de encontro dos socialistas da cidade para boas conversas, reuniões políticas e eventos culturais, sempre frequentado pelo Roque. Contando com vários amigos e familiares, militantes do PSOL, PT, PSTU, MST, CUT, sindicatos e organizações estudantis, junto com a Esquerda Marxista, a Liberdade e Luta, Mulheres pelo Socialismo, Movimento Negro Socialista, houve saudações e lembranças de grandes histórias do camarada Roque.
As falas variavam entre relatos comovidos de sua trajetória à defesa do legado de sua vida, a continuidade da luta pela revolução socialista. Tatiana Calmon, companheira de luta e de vida do Roque, uma lutadora social incansável, cantou, de forma emocionante, uma linda canção em que representava a despedida como uma viagem em que Roque tomou um trem e ela ficou (e todos nós também) naquela estação. Uma forma linda para nos despedirmos de um ferroviário orgulhoso de sua categoria.
Em seguida, por volta das 10h30, saímos numa carreata em direção ao Hospital para acompanhar o carro da funerária até o cemitério. Foi um novo momento de muita emoção. Mais de 140 carros perfilados, com buzinas, palavras de ordem e saudações ao Roque. Carros com uma pequena foto no para-brisa cruzando a cidade de Bauru, chamando a atenção da população para uma homenagem especial para um camarada que se dedicou integralmente à transformação radical da cidade, do país e do mundo em que vivemos. Muita gente na rua chegava a gritar: “Viva Roque!” ou “Roque, presente”, em plena sintonia com o sentimento coletivo que perpassava aquele momento. Os motoristas dirigiam os carros com punhos esquerdos erguidos pela janela. Bandeiras e faixas nos carros davam o tom classista que imperava entre camaradas, amigos e familiares.
Chegando ao cemitério, em frente ao portão, houve uma concentração muito significativa, com inúmeras organizações da classe trabalhadora e da juventude, amigos das mais variadas origens (do samba, do futebol ou da luta política), prestando sua solidariedade e reverência ao Roque. Novamente foram feitas saudações, mesclando falas de uma geração que militava com Roque há décadas, desde seu combate pela construção do PT e CUT, da luta do movimento negro e dos ferroviários chegando aos combates mais recentes, até as falas de jovens camaradas em cuja formação política Roque teve papel fundamental. Tudo isso é fruto da generosidade e respeito que tinha por todos, ao mesmo tempo combinada com a firmeza de suas posições em defesa do socialismo, combatendo o reformismo e o oportunismo, fazendo do Roque uma referência para muitos.
Com muito orgulho, a Esquerda Marxista, organização em que Roque militava fez uso do microfone para reafirmar seu legado e suas posições, sua convicção marxista, seu método e sua paciência revolucionária, sua plena confiança no movimento operário e na juventude, buscando construir a organização revolucionária. Junto ao Movimento Negro Socialista, Mulheres pelo Socialismo e Liberdade e Luta, deixamos nosso registro neste ato emocionante, em que foi feita uma bela homenagem a um camarada exemplar.
Houve ainda nas intervenções a denúncia da política assassina do governo Bolsonaro, que assim como diversos governos capitalistas pelo mundo todo, é plenamente responsável pelas mais de 125 mil vidas perdidas pela Covid-19, que poderiam ter sido evitadas se não fosse as opções feitas por Bolsonaro, se no centro de suas medidas não estivesse o lucro dos capitalistas em detrimento da saúde da classe trabalhadora. Com uma força que expressava seu ódio de classe, as mais de 250 pessoas ali gritaram: “Fora Bolsonaro”.
Após as falas dos camaradas da Esquerda Marxista, Tatiana Calmon, junto dos quatro filhos do Roque, Michele, Vinícius, Dandara e Tales, encerraram o ato com lindas palavras que representam a vida do Roque e a tarefa de seguir adiante, cantando, ao final, todos de punhos erguidos, a Internacional.
A Esquerda Marxista tem muito orgulho ao dizer que Roque era nosso militante, nosso dirigente, nossa referência. Batalharemos para seguir aplicando diariamente seus ensinamentos, com sua garra, sua firmeza e sua generosidade.
Militantes e organizações da classe trabalhadora de diversas partes do Brasil e de outros países publicaram notas de pesar e homenagens. Mesmo alguns adversários políticos fizeram suas saudações e o próprio prefeito de Bauru decretou luto de 3 dias.
Roque fazia parte dos imprescindíveis e nos fará muita falta. Mas ele abriu caminho para os que vêm adiante. Devemos ao Roque seguir nossos combates, nas ruas e nas lutas, pelo socialismo.
Camarada Roque, jogaremos duro!
Camarada Roque, presente! Agora e sempre!