Nas últimas semanas, a Universidade da Região de Joinville (Univille) colocou como sua prioridade a volta às aulas presenciais no fim de julho e início de agosto.
Em seu site, no Espaço Virtual, onde os estudantes têm acesso aos documentos e disciplinas, as instâncias administrativas da universidade inseriram uma nova aba chamada “Protocolo de Biossegurança para o retorno presencial”. Além disso, disparou nos e-mails dos estudantes mensagens pertencentes aos protocolos e de incentivo ao retorno.
Em nenhum momento da quarentena, a Univille, que se apresenta como uma universidade de caráter comunitário e sem fins lucrativos, aceitou dialogar com os estudantes sobre as mensalidades, nem quanto sua redução, muito menos quanto à suspensão das mesmas, bandeira mais do que justa tendo em vista a situação que vivemos e o caráter da universidade.
A evasão estudantil vem sendo enorme, com jovens trancando matrículas, sendo obrigados a saírem de seus cursos, mesmo restando poucos meses para conclusão da graduação.
Isso porque a massa dos estudantes da Univille são trabalhadores, que sofrem na busca por bolsas de trâmites extremamente burocráticos e reduzidos, tanto do Estado, quanto da própria universidade.
No início da quarentena, quando estudantes organizados em alguns Centros Acadêmicos denunciaram as mensalidades e exigiram a suspensão, a Univille condenou os atos e chegou a encaminhar mensagens privadas para estudantes, como tentativa de intimidá-los.
Agora, em meados de junho, onde a contaminação em Santa Catarina se mantém alta e Joinville registra 29 mortes e 941 casos de contaminação por Covid-19, a Univille e sua reitoria, que se elegeu com uma campanha supostamente progressista e inclusiva, organiza o retorno às aulas presenciais.
No dito protocolo de biossegurança, a Univille apresenta algumas fases de retorno, além de um Termo de (Ir)responsabilidade. No documento Instrução Normativa Conjunta n° 001/2020/PROEN/PROEX/PRPPG/PROINFRA, no artigo 2°, parágrafos 2°, 3°, 4°, 5° e 6°, a universidade obriga os estudantes a assinarem esse termo. Os que se negarem, serão proibidos de ir às aulas, ordenando que os coordenadores dos cursos confiram salas por salas e retirem esses estudantes.
Quanto aos estudantes que fazem parte do grupo de risco, o Artigo 7° e seus parágrafos obrigam a apresentação de atestados médicos sobre suas condições de risco. Como agravante, “o estudante pertencente ao grupo de risco continuará com vínculo nas disciplinas e pagando pelas mesmas, sendo que a reposição das aulas práticas e atividades relacionadas ao Estágio Curricular Supervisionado (parte prática) se dará tão logo seja permitido o seu retorno” (Art. 7°, parágrafo 3°).
Assim, nos próprios protocolos e exigência, a reitoria do “movimento que transforma”, diferente do que defendeu durante sua campanha realizada no segundo semestre de 2019 para o mandato até 2023, não possui nenhum traço de “empatia” e preocupação com a “convivência, da saúde e da qualidade de vida”. Visa somente as mensalidades e uma suposta volta à “normalidade” acadêmica.
Portanto, a assinatura deste Termo de Responsabilidade, significa a direção da Univille lavando as mãos de uma possível contaminação de estudantes e trabalhadores da universidade, tanto no ambiente universitário, quanto no trajeto.
O principal Campus da Univille localiza-se na Zona Industrial da cidade, longe do centro e da maioria das casas dos que a frequentam. Assim, a utilização do transporte público – o mais caro do país e agora o principal ambiente de contaminação de Covid-19 em Joinville – é massiva.
Os estudantes sabem como é impossível chegar à Univille, especialmente em horários próximos às aulas, sem aglomeração nos ônibus e terminais.
A Univille escracha seu caráter absolutamente contrário aos interesses básicos da comunidade, a saúde e a vida. A universidade deveria ter uma extrema preocupação com as questões sanitárias, já que comporta cursos de Medicina, Odontologia, Biologia e tantos outros que tem relação direta com as questões sanitárias da atualidade, mas contrariando tudo isso, as direções da entidade insistem em combaterem o movimento estudantil organizado e não passam de sanguessuga do dinheiro dos jovens trabalhadores, além de agora contrariarem a ciência e querem propagar o contágio de coronavírus.
Obviamente, os estudantes não ficaram e não ficarão calados. A indignação de diversos estudantes nas redes sociais cresceu rapidamente ao receberem esses protocolos e exigências.
Concretamente, estudantes do curso de História e seu centro acadêmico (CALHEV), após assembleia no último dia 20 de junho, por hangout, decidiram subir nas redes sociais a #UnivilleNaoMeMata, denunciando essas imposições, pois isso afetaria a sagrada imagem que a reitoria preconiza nos meios digitais.
Diante disso, a direção da Univille aparentemente recuou, mas ainda sem se pronunciar sobre o retorno como havia divulgado. Mas sabemos que a qualquer momento pode realizar outro protocolo, supostamente mais seguro.
Na assembleia, também ficou decidido que os estudantes do curso não irão assinar o termo e continuarão com a campanha nas redes, ampliando-as para todos os estudantes e trabalhadores.
A Liberdade e Luta defende intransigentemente o direito à quarentena, bem como o direito ao acesso pleno às aulas virtualizadas durante esse período. Combatemos frontalmente o Ensino a Distância (EAD), mas sabemos que no atual momento, a virtualização das aulas é a única possibilidade que assegura a vida e a mínima formação da juventude. Por isso também defendemos o imediato fornecimento de computadores e internet aos estudantes que não possuem tais condições, o que é algo simples e extremamente viável para a Univille.
Em conjunto, não recuamos um centímetro da discussão sobre a Federalização da Univille. Essa é uma bandeira histórica da Liberdade e Luta em todas nossas lutas nesta universidade. Há mais de 50 anos, a Univille foi fundada como faculdade pública e hoje, transformada em Universidade da Região de Joinville, precisa retornar ao poder público para o fim das mensalidades, cada ano mais abusivas, e consequentemente, pela efetiva permanência estudantil.
A Univille é um órgão público na sua raiz, portanto, é responsabilidade do Estado mantê-la sem qualquer demissão de trabalhadores e evasão. Todo dinheiro necessário à Educação!
Cabe a nós estudantes, nos unirmos e mais do que nunca erguemos bem alta a bandeira da Federalização.
Para saber mais sobre nossas defesas e políticas de ação, leia e assine o manifesto em defesa dos serviços públicos, pelo fim do pagamento da dívida pública, por Fora Bolsonaro e pelo fim do capitalismo!
Organize-se com a Liberdade e Luta!
- Pela imediata suspensão das mensalidades!
- Pelo Direito à Quarentena!
- Pelo Total Acesso às Aulas Virtuais!
- Em Defesa da Educação Pública, Gratuita e para Todos!
- Pela Federalização! Univille Pública, gratuita e para todos!