No último dia 10, o congresso do ANDES, sindicato que representa os professores das universidades, votou pela desfiliação da Central Sindical e Popular Conlutas. Esse decisão segue a deliberação do CONAD, segundo principal fórum de deliberação do sindicato, que havia indicado a desfiliação em novembro de 2022. O ANDES, ao deixar a Conlutas, segue o caminho de outras entidades do funcionalismo público federal, como o Sinasefe, que havia se desfiliado da Conlutas em 2020, e o sindicato dos trabalhadores dos Correios de Santa Catarina, que deixou a central e se filiou à CUT em novembro 2021. Essa movimentação de importantes sindicatos mostra a falência da política sectária no movimento sindical praticada pela Conlutas e a necessidade dos trabalhadores pela unidade da classe para enfrentar os ataques da burguesia e seus governos.
Essa deliberação do ANDES se dá nos marcos do balanço da atuação da Conlutas e das necessidades da luta de classes. Em sua trajetória, a Conlutas desenvolveu uma política sectária, como em sua defesa do “Fora Todos Eles”, mesmo diante das mobilizações reacionárias pela derrubada de Dilma, em 2016. Por outro lado, ainda que procure se construir como um aparato por fora da CUT, a Conlutas sempre se mostrou incapaz de encabeçar qualquer luta, sempre parasitando em torno de outras entidades, por conta de seu isolamento em relação aos principais setores da classe trabalhadora. Como resultado disso, a Conlutas termina por ter uma prática oportunista, como na assinatura de acordos rebaixados por um de seus principais sindicatos, o de metalúrgicos de São José dos Campos.
Esse balanço sobre a atuação da Conlutas pesou na avaliação do ANDES, quando, por exemplo, noticiou que “algumas e alguns docentes apontaram que a central tem dificuldade em alcançar a base docente. Para elas e eles, a luta do Sindicato Nacional deve ser pela ampla unidade e no avanço da construção de pautas unificadas”.
O debate sobre a desfiliação da Conlutas vem ganhando força dentro do ANDES desde pelo menos 2020, quando o congresso do sindicato, ainda que mantendo o vínculo com a Conlutas, deliberou para discussão na base sobre um balanço do vínculo com a central e a possibilidade de desfiliação. Naquela ocasião, a permanência da filiação saiu vitoriosa por 255 a 142 votos. Como exemplo do desgaste da Conlutas, no congresso deste ano, 262 docentes votaram pela desfiliação, contra 127 favoráveis à permanência na Conlutas.
O principal desafio do ANDES, que reúne cerca de 70 mil docentes em todo o Brasil, passa por avançar no processo de discussão sobre a organização da classe trabalhadora e sua relação com as centrais sindicais, a ser feito em seminários que ocorrerão ao longo do ano em todo o Brasil. Além disso, o ANDES deve manter o diálogo com os demais sindicatos do funcionalismo federal, que se articulam em um fórum permanente que vem organizando as principais lutas do setor nos últimos anos, o Fórum das Entidades Nacionais dos Servidores Públicos Federais (FONASEFE), e com os demais setores da classe trabalhadora, principalmente por meio da CUT.